sábado, 25 de fevereiro de 2017

O sentido da vida

     Aparentemente um filme banal sobre a banalidade da vida, "Toni Erdmann" de Maren Ade (2016) é um filme muito bem construído em termos de cinema que se permite toda a crueza narrativa e todas as liberdades elípticas que a intervenção do pai, Winfried/Peter Simonischek motiva ao comentar subtilmente o absurdo da vida da filha, Ines Conradi/Sandra Hüller, e daquilo tudo.
    Sem procurar um refúgio na distância temporal de um passado cumprido, rigidamente preso ao presente, este presente europeu e globalizado que conhecemos, o filme desloca-se subtilmente para o nosso interior de modo a fazer nossas aquelas personagens com as suas vidas preenchidas e apertadas.
     Com a intervenção apenas pontual do protagonista, tudo se passa na sua ausência como se ele não existisse, embora se perceba que a partir de certo momento as coisas assumem rumo diferente devido às suas sugestões inesperadas e subreptícias, de modo que ao incómodo da filha acaba por suceder a sua compreensão.
    E enquanto somos mantidos a uma distância prudente pelo humor do protagonista, que diz expressamente que não se deve perder o sentido de humor em qualquer circunstância, somos forçados a acompanhar as mudanças a que a sua intervenção dá origem e a perceber com a filha no final o "sentido da vida".
                     
      A arte da cineasta, também argumentista neta sua terceira longa-metragem de ficção consiste em deixar acontecer perante a sua câmara o que deve acontecer entre aquelas personagens naqueles locais e naquelas circunstâncias, deixando o comentário paterno, exterior, funcionar de modo implícito e por isso mesmo mais perturbador e contundente.
    Agora que aquele seja o sentido da vida, embora compreensível é uma maneira amável e romanceada de ver as coisas, muito de perto e sem a distância proposta, e por aí passa a fragilidade do filme no seu conformismo. 
    Perceber como se entra e como se sai deste "Toni Erdmann" é fundamental para se perceber este filme nos seus serenos sobressaltos em elipses justas e sugestivas de princípio a fim, que afastam do campo visível o que seria redundante nele permanecer.
    Sendo um filme longo é inteligente, divertido e bem construído pelo que não se torna enfadonho nem cansativo. Agora daí a ser considerado o melhor filme europeu de 2016 vai uma certa distância que pessoalmente não percorro.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Por um copo de cerveja

     "El Dorado XXI" é o segundo documentário de longa-metragem de Salomé Lamas (2016), rodado no alto dos Andes, na mina e entre a população de La Rinconada, próximo da fronteira entre o Peru e a Bolívia, e confirma e amplia a excelente impressão que ela tinha deixado "Terra de Ninguém" (2012).
     A primeira parte do filme mostra durante quase uma hora, em plano fixo, a escuridão do interior da mina atravessada pelos mineiros com uma luz presa dos capacetes, o que permite desenhar e descobrir o percurso que eles descrevem em duas diagonais sucessivas, a primeira da esquerda para a direita, a segunda, mais afastada, da direita para a esquerda até ir dar a um corredor escuro que se perde no interior da montanha.
   Este movimento contínuo é acompanhado por vozes que funcionam como comentário, nomeadamente a de uma estação de rádio que relata os acontecimentos locais. E nesse momento prolongado que o plano fixo torna abissal temos a noção precisa, apesar das trevas envolventes, do espaço percorrido e também de um tempo que, parecendo o mesmo, se alonga na repetição como se circularmente.   
                    
      Depois saímos para os belíssimos topos montanhosos e gelados e a palavra acaba por ser dada a membros daquela comunidade, especialmente mulheres que falam demoradamente sobre a vida naqueles locais. E então o filme reduz-se muito bem aos quatro elementos, terra, ar, fogo e água gelada, assumindo um tom primitivo e primevo muito bem conseguido e transmitido.
      Nessa segunda parte sucedem-se planos fixos que conferem uma unidade a cada grupo, com uma planificação muito apropriada, justa e precisa, de modo a percebermos o isolamento daquela gente naquela região e o que têm para dizer. Também há no final uma festa em que se cantam canções nostálgicas de amores perdidos, no cumprimento de um ritual de autenticidade manifesta.
                    
      Ora ao criar este "El Dorado XXI" Salomé Lamas como que cria a partir do nada uma extrema e perturbadora beleza, totalmente desconhecida e só mostrada devido ao seu filme. Também artista visual, a cineasta trabalha superiormente a imagem mas também o som com uma enorme destreza e com resultados surpreendentes a nível audiovisual.
     De tal modo que ficamos com a ideia de que o mundo, pelo menos aquele mundo, começou com este filme  e com ele acaba, embora todos saibamos que aquelas vidas de que vimos de perto excertos seleccionados continuam iguais a si mesmas, tal como as vimos, até se cumprirem.
     Claro que o filme tem também um valor etnológico e um interesse antropológico notável, mas disso só nos damos verdadeiramente conta a partir de uma segunda ou terceira visão. Eu sou muito definidamente por "El Dorado XXI" e por Salomé Lamas.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Sempre a dobrar

     Só um seria muito bom, logo os dois em simultâneo é excelente quando se trata de Amadeo e Almada, os dois nomes maiores do modernismo português na pintura.
     A exposição sobre Amadeo Souza-Cardoso esteve primeiro no Porto e depois em Lisboa como há cem anos, em 1916, na tentativa de recriar a exposição original, organizada pelo próprio artista no Salão de Festas do Jardim Passos Manuel e na Liga Naval Portuguesa respectivamente.
     Os quadros expostos são do melhor que ele criou e do melhor do modernismo, pelo que essa é uma exposição para visitar várias vezes e reter na memória, embora eu não tenha gostado do espaço exíguo a que foi circunscrita no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em Lisboa - disseram-me que no Porto o espaço foi semelhante.          
                     
    Só de pensar que o genial jovem artista viveu grande parte da sua vida em Paris e que dois anos depois da exposição original morreu com 30 anos ficamos arrepiados por tão grande obra em tão curta vida. A anterior "Amadeo de Souza Cardoso. Diálogo de Vanguardas" teve lugar na Gulbenkian em 2006. Interessa em especial dele neste momento "XX Dessins" (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Sistema Solar, 2016). Esta exposição está até 26 de Fevereiro no MNAC, no edifício que foi do Governo Civil de Lisboa para que ele há pouco se alargou.
   A exposição da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, "José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno" é uma exposição antológica de grande formato e inclui muito do que de mais importante ele, entre gravura, desenho e pintura criou com o seu génio pessoal ao longo de uma vida longa, que inclui cartazes de cinema e mesmo o seu micro-filme de ficção, divertidíssimo. 
   Espraiando-se por um vasto espaço com prolongamento no piso inferior, abre-nos um universo único que é raríssimo ver nesta forma ordenada e organizada no espaço de uma vida. Com todas as ligações ao modernismo, aos outros modernistas, nomeadamente a Fernando Pessoa e ao seu tempo. Só quem for cego não vê todo o génio plástico que, além do literário este homem carregou consigo e nos transmitiu.
                                      
    Esperava-se há muito uma iniciativa como esta dedicada ao único declaradamente futurista dos nossos modernistas, que nos fizesse, como esta exposição faz perceber o que então esteve em jogo com ele desde uma época em que cubismo e futurismo concorriam internacionalmente já. Até 5 de Junho na Gulbenkian.
    O que importa reter é que o trabalho de Almada, tal como o de Amadeo impôs-se no seu tempo e chega intacto até nós hoje, preservando as características estéticas que fizeram a sua originalidade e o seu sucesso junto dos seus contemporâneos. E com isto estou a dizer que, apesar da influência que tiveram nada se fez depois que os igualasse.
    Do Almada sobre o Amadeo leiam o folheto incluído em "K4 - O Quadrado Azul" (Lisboa: Assírio & Alvim, 2000) e leiam o Almada todo, de que retenho cem anos depois o justíssimo e perene poema "A Cena do Ódio", que ele destinava ao nº 3 da revista Orpheu, que não chegou a ser publicado. Contra todos os Dantas que proliferam sem cessar em todos os sectores, talvez que assistir a estas duas exposições excepcionais seja o acto cultural mais importante das vossas vidas portuguesas. E leiam o que no tempo certo, desde a década de 50 do Seculo XX José-Augusto França escreveu sobre tudo isto.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Trabalhar o arquivo

   O mais recente documentário de Martin Scorsese "Uma Discussão com 50 Anos"/"The 50 Year Argument" (2014), realizado com David Tedeschi é um excelente trabalho sobre o arquivo da The New York Review of Books, com comentários actuais que potenciam esse arquivo, que é de facto notável. Neste caso é o interesse do objecto que que define o valor do documentário. Chegou-nos com três anos de atraso, a reboque de "Silêncio"/"Silence", o que, sendo o país aquilo que é, sempre desconfortável nem sequer me espanta.
   Com uma história de mais de 50 anos, a revista é uma referência da cultura americana e mundial, que estabelece a "comunicação silenciosa" entre os leitores de livros e os seus leitores. Os seus colaboradores ao longo de cinco décadas incluíram nomes maiores da cultura americana e mundial, como W. H. Auden, Susan Sontag, Tony Judt, Isaiah Berlin, Gore Vidal para me ficar por aqui.
   Sem se limitar à literatura, na sua pluralidade a The New York Review of Books sempre se caracterizou por falar a diferentes vozes, com um editor justamente famoso, Robert Silvers, figura respeitada que, com Barbara Epstein até 2006, tem assegurado a linha editorial. As polémicas têm sido muitas e todas muito boas - ver o diálogo vivo entre Susan Sontag e Norman Mailer.
                                    The 50 Year Argument movie poster
  Especialmente para quem acompanhou a história da revista este documentário de Martin Scorsese é precioso pois integra a  história da América e do mundo nos últimos 50 anos, o que deverá interessar a todos pois é convocado com imagens e depoimentos independentes e qualificados sobre diversos assuntos da literatura, da história e da política, alguns deles mal conhecidos.
  Isto faz lembrar que existem em todo o mundo, mesmo em Portugal, publicações culturais que mereceriam um documentário à altura, o que não devia ser preciso este filme recordar mas recorda e faz muito bem.
 A inserção no final de excertos da sequência dos homens-livros de "Grau de Destruição"/"Fahrenheit 451" de François Truffaut (1966) é perfeitamente justificada e muito feliz, e deve contribuir para que tenha havido quem entre nós não apreciou o filme. Aqui com David Tedeschi e de novo com a colaboração do crítico e historiador do cinema Kent Jones, Martin Scorsese trabalha neste momento melhor no documentário, em que se mostra empenhado e rigoroso, que na ficção, em que se resguarda num conformismo sem perspectivas.
  Nota: Na sessão a que assisti o filme não chegou a duas horas de duração, quando a duração anunciada excede as duas horas, o que me deixa perplexo e obriga a esperar pela edição dvd.

Boas vibrações

    "La La Land: Melodia de Amor"/"La La Land", de Damien Chazelle (2016), é um filme musical surpreendente por não se querer parecer com nada nem na história do cinema nem na actualidade.
    Ao escolher uma indefinição temporal que tanto pode ser passado como presente, o cineasta, também argumentista envereda por um caminho raro que desafia o cinema e nos desafia como espectadores, no que se sai muito bem com as referências radiculares dos posters de filmes e a citação de "Fúria de Viver"/"Rebel Without a Cause", de Nicholas Ray (1955) na sequência do planetário como apropriações que fazem sentido.
                   
   Com elementos tirados do musical clássico e do musical moderno americano do pós-guerra, de que recupera o carácter de género estúdio e o onirismo (Vincente Minnelli) acaba por recordar em especial "Os Chapéus de Chuva de Cherbourg"/"Les parapluies de Cherbourg" de Jacques Demy (1963) pelo canto e pelo final - que lembra o de "Café Society", de Woody Allen (2016), o que joga a favor de ambos - sem se afastar do seu grau de abstracção que um maior proximidade impediria.
  "La La Land: Melodia de Amor" tem presente uma narrativa que se pretende intemporal e números dançados e cantados que são bem coreografados e bem interpretados com Ryan Gosling como Sebastien, pianista, e Emma Stone como Mia, aspirante a actriz - especialmente interessante a personagem masculina com excelente interpretação. A questão do jazz clássico e do jazz moderno, com Damon Gupton como Harry, está bem enunciada sem brilhantismo na demonstração, pelo que funciona sobretudo como referência narrativa.
                   Resultado de imagem para la la land john legend
   Embarcados e embalados pelo ritmo próprio do filme e empurrados pela sua lógica e pela sua estética onírica, são-nos oferecidos belos momentos musicais cantados e dançados - e não estamos longe do melhor da história do musical como género maior do cinema americano, o que não acontecia num passado recente nem mesmo nos melhores casos. 
    A música é de Justin Hurwitz, a fotografia de Linus Sandgren e a realização de Damien Chazelle cumpre com brio as suas influências expressas para as superar em inventiva visual e sonora, em novidade coreográfica e depuração fílmica, dando origem a um filme exuberante e evocativo, belo e melancólico que marca uma data no cinema americano.
   Com o regresso do musical assiste-se, assim, ao prosseguimento da recuperação do naipe de géneros clássicos e modernos do cinema americano em termos de grande qualidade cinematográfica, o que é auspicioso e muito bem vindo num momento em que talvez só por aí e pelo cinema independente ele possa ressurgir. Dê-se tempo ao cineasta, ainda na sua terceira longa-metragem, para mostrar o que vale: se estamos perante um acaso feliz ou ele tem efectivamente algo de novo para nos dar (nem estamos nos anos 80 nem isto tem nada a ver com Baz Luhrmann).

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Os limites da fé

    Martin Scorsese é um cineasta católico que tem trabalhado sobre o cristianismo e a religião com alguma insistência desde "A Última Paixão de Cristo"/"The Last Temptation of Christ" (1988) passando por "Kundun" (1998) até chegar a "Silêncio"/"Silence" (2016), que agora estreou.
    O episódio que envolve missionários portugueses no Japão no Século XVII é conhecido de "Os Olhos da Ásia", de João Mário Grilo (1996), e diz muito ao imaginário cristão: como resistir à pressão violenta para abjurar? E é precisamente a apostasia e as suas condições concretas na história que o filme trata: o martírio ou abjurar.
    Mais do que compará-lo com o filme português interessará perceber como anteriores cineastas americanos católicos encararam em filme a sua fé, do estilo grandiloquente e imperial de Cecil B. DeMille aos cineastas americanos de origem irlandesa John Ford e John Huston. Parece-me especialmente interessante o confronto deste projecto de Scorsese, que se sabe antigo, com o derradeiro filme de John Ford, "Sete Mulheres"/"Seven Women" (1966).
    O factor religioso pesou no ocidente tanto na Europa como nos Estados Unidos e é preciso saber que Dreyer era protestante, Bergman teve educação luterana, Rossellini, Bresson e Oliveira eram católicos - embora o primeiro se tenha afastado - para entender completamente a obra de cada um deles - na América Hawks era protestante enquanto o seu rival John Ford era católico, tal como Hitchcock.
                     
      Restará saber o que tal elemento pesou em cada um dos filmes de cada um deles, que todos, salvo Cecil B. DeMille, filmaram também contra o entendimento social estabelecido da religião respectiva, conformista e instalado em certezas, e foram sempre social e politicamente críticos. Ao que haverá que acrescentar que nenhum deles foi o grande cineasta que foi apenas por causa da religião professada.
      O que torna pertinente o paralelo entre "Silêncio" e "Sete Mulheres" é que Scorsese faz o seu filme como mais um filme de gangsters, género em que se notabilizou, como Ford fez o dele como um western, o seu género favorito - e com isto não estou a dizer mal nem de um nem do outro, embora prefira o despojamento do segundo ao grande espectáculo do primeiro. Aliás ambos os filmes são atravessados por um sopro trágico mas em "Silêncio" há apesar de tudo a esperança da fé, que em "Sete Mulheres" se ausenta para a protagonista no final - ou talvez não.
     Dito isto sumariamente, reconheço em Martin Scorsese o interesse pela religião católica como assunto expresso dos seus filmes, o que decorre da educação que teve mas também dos trambolhões que deu na vida. Ora a questão do seu último filme é mesmo a fé, a sua propagação no Século XVII no Extremo Oriente e a permanência nela dos missionários e convertidos ameaçados de morte se não abjurassem.
     A questão em si mesma é pertinente embora eu pense sempre que é uma facilidade colocá-la na história. Mas sobre a fé e o cristianismo o cinema conheceu de tudo, do grande espectáculo de "A Bíblia"/"The Bible: In the Beginning...", de John Huston (1966) à austeridade anti-espectacular de "O Messias"/"Il messia", de Roberto Rossellini (1975), que prefiro bem como as alusões avulsas em filmes comuns, como exemplarmente aconteceu com Robert Bresson.
                    
     No filme de Scorsese avança-se sempre na mesma direcção, com um massacre por tortura por hora, uma decapitação e a parte do anterior apóstata, o padre Ferreira, no final. É um programa narrativo e fílmico completo que nos deixa exaustos sem ganho de maior que não seja o de aumentar o prestígio do cineasta e confirmar os católicos na história da sua religião, embora aqui sejam sempre recordados os que sinceramente morreram por uma causa. Agora fazer da morte violenta um grande espectáculo como em "Silêncio" acontece é de especialista em filmes de gangsters.
     Mas fica completamente de fora a perspectiva colonial dos europeus na sua presença no Japão, que levou consigo a intenção missionária e esteve na origem da aculturação nipónica em termos prolongados (ver "Elogio da Sombra", de Junichirõ Tanizaki" - Lisboa: Relógio D'Água, 2016), e percebe-se que o cineasta força aqui os limites com os quais se debate quando em termos cinematográficos, impressionante como se desejava nem sequer é do melhor que ele tem feito. E a reserva mental com uma "voz interior" que apesar de tudo fala surge como facilidade.
    Visto como filme religioso, "Silêncio" de Martin Scorsese com argumento de Jay Cocks e seu sobre o romance homónimo de Shusaku Endo (editado em português pela Dom Quixote) é um bom filme que importa pelo sentido que faz na obra do cineasta. Interessará sobretudo perceber em que medida terá sido para ele um filme necessário, que ele precisava mesmo de fazer.
     Restará por último saber qual o sentido que ele faz hoje para cada um de nós e em que medida, com o seu pathos doloroso e prolongado, poderá ser tido no futuro não apenas como um documento sobre a narrativa que relata, sobre o passado histórico, mas sobre o nosso próprio tempo. Na sua eloquente secura elíptica é preferível "Os Olhos da Ásia", mas "Silêncio" existe e devemos saber como lidar com ele.