terça-feira, 30 de abril de 2019

Grandeza da curta

     "Le rêve d'un soldat"/"Soldatskiy son" (1995) é uma curta-metragem de Alexandr Sokurov extraída da longa "Spiritual Voices"/"Voix spirituelles"/"Duchovnye golosa" que ele realizou no mesmo ano. Muito curta (12mn), é de uma grande simplicidade mas tem um grande poder sugestivo entre quem dorme a preto e branco, o que é sonhado e quem acorda a cores. Foi filmado na fronteira do Tadgiquistão com o Afganistão
      Court-circuit, o programa semanal de curtas-metragens no Arte da noite de sábado, permite-nos o contacto regular com parte do melhor da curta que se faz na actualidade em especial. O pequeno filme de Sokurov foi aí mostrado por ocasião da retrospectiva dedicada ao cineasta pelo Festival de Oberhausen deste ano.             
                               Retrospectiva Alexander Sokurov
    Também o arménio Artavazd Pelechian, objecto de retrospectiva no final da Maio na Cinemateca Portuguesa, trabalhou fundamentalmente na curta com um grande sucesso em filmes originais e pessoais que aqui aconselho. Depois da grande retrospectiva de Michael Snow é mais um bom sinal da Cinemateca.
    Com a sua estética própria, economia de meios e poder de síntese, a curta-metragem pode ser um grande filme e interessa-me especialmente quando feita por um grande cineasta. Que os há também sem terem saído da curta.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

A dívida

    Segunda longa-metragem de ficção do kazaque Sergei Dvortsevoy depois de "Tulpan" (2008), chegou-nos agora "Ayka" (2018), um filme impressionante e muito bom, com argumento do cineasta, também co-produtor, e de Gennadiy Ostrovskiy.
   Segue de início a fim Aika/Sanial Yeslyamova, oriunda do Quirgistão e imigrante ilegal em Moscovo, que acaba de ter um filho que abandona na maternidade de onde foge. Logo a partir daí estamos perante uma mulher solitária.
                    
    O patrão para quem trabalhava não lhe paga e ela tenta arranjar outro trabalho enquanto se debate com as consequências do parto. Sempre só. O seu fito é arranjar 200 mil rublos que lhe tinham sido emprestados para montar uma fabriqueta de costura e cuja restituição lhe é agora exigida sob ameaça - o que ela fez com o dinheiro é muito bem elidido.. 
   Acaba por ser ajudada pela empregada de um veterinário que dá pelos primeiros nomes de Eisenstein, Sergei Mikhailovitch, Zhipara Abdilaeva e Sergey Mazur respectivamente, e é na sua zoomorfização que Ayka se lembra do seu filho como solução para o seu problema.
   Seco e duro, com largo recurso ao afectivo grande-plano e à câmara ao ombro, sem música "Ayka" de Sergei Dvortsevoy tem fotografia de Jolanta Dylewska e montagem do realizador e de Petar Markovic. Sem guardar distância alguma em relação à protagonista, atinge grande violência.
   Um belo filme sobre a infame violência feita às mulheres de um cineasta que começou por trabalhar no documentário. Melhor actriz em Cannes e melhor filme em Cottbus. Assim, contra o prognóstico de Godard, o cinema sobrevive à época em que nasceu.

sábado, 20 de abril de 2019

O sangue derramado

  "Anoitecer"/"Napszälita" (2018) é a segunda longa-metragem do húngaro László Nemes a seguir a "O Filho de Saul"/"Saul fia" (2015), um primeiro filme sério e importantes sobre a II Guerra Mundial. Mantém-se a seriedade sobre um tempo aparentemente frívolo, os anos que antecederam o início da I Guerra Mundial. E mantém-se sobretudo a estética, por surpreendente que seja.
  Herdeira de um nome mas já não de uma fortuna na indústria chapeleira, Írisz Leiter/Juli Jakab, a protagonista, surge na sede da empresa em Budapeste no início da semana em que esta celebra 30 anos de existência. Com o intuito de oferecer-se para ocupar um lugar de modista, é rapidamente afastada. Corre o início dos anos 10 do século XX, quando Viena era capital do Império Austro-Húngaro.
  Ela sabe entretanto da existência de um irmão desconhecido, que procura encontrar e encontra quando ele e o seu bando tentam um assalto com tentativa de homicídio. Pelo meio de outro mistério, uma mulher desaparecida, ela acaba por matá-lo, duas vezes até, a segunda durante a noite do fogo de artifício, depois de Sua Alteza Real e a Princesa, filhos de Francisco José e de Sissi, em pessoa terem visitado a empresa e feito as suas escolhas.
   O ambiente do Império Austro-Húngaro está muito bem recriado em arquitectura, vestuário e espírito, para o que contribui uma excelente fotografia com desfocagens frequentes do fundo, maiores e mais insistentes no fim, e a protagonista em plano aproximado, o que acentua o carácter afectivo do grande-plano apesar do uso do plano de trás, da nuca dela. Além disso a cãmara move-se constantemente e pululam no filme ruídos provenientes do fora de campo e o som está muito bem trabalhado em Dolby Digital.
  Com argumento de László Nemes, Clara Royer e Matthieu Taponier, tem fotografia de Mátiás Erdéli, música de László Melis e montagem de Matthieu Taponier. Seria difícil fazer melhor em filme de época, torna-se agora difícil imaginar diferente.
  Procurando deliberadamente o efeito artístico, László Nemes atinge-o sem que ele em desfocagens, enquadramento insistente, mobilidade de câmara e sons surja como gratuito, antes adequado ao espaço e ao tempo em que o filme decorre. O final, rápido, é já nas trincheiras.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Obra maior

   Milo  Manara, grande criador italiano de banda desenhada (não confundir com Hugo Pratt), concluiu agora o díptio "Caravaggio" - Geomais: "O Pincel e a Espada", 2015, e "O Indulto", 2019 - que é mais uma obra-prima do seu génio de desenhador e colorista. As cores são de Simona Manara e dele.  
                                         Bertrand.pt - Caravaggio - o Indulto
   Com recurso à melhor bibliografia, a história do célebre pintor (1571-1610) é contada em pranchas que utilizam variadas dimensões e localizações de cada quadro, com desenhos de uma perfeição e uma dinâmica notáveis, preservando o mistério da causa da sua morte. 
  No nosso tempo um outro tempo é visualmente instaurado com pleno respeito pelas suas características físicas e humanas. Milo Manara consegue aqui um díptico de grande qualidade, de que o primeiro volume é superior ao segundo

Uma grande actriz

   Intérprete favorita de alguns dos melhores filmes de Ingmar Bergman, a sueca Bibi Andersson (1935-2019) foi uma grande actriz de cinema, figura emblemática da sua geração.           
                       
    Em "Sorrisos de Uma Noite de Verão"/Sommarnattens leende" (1955), "O Sétimo Selo"/"Det sjunde inseglet") e "Morangos Silvestres"/"Smultronstället" (1957), "No Limiar da Vida"/"Nära Livet" (1958), "A Máscara"/"Persona (1966), "Paixão"/"En passion" (1969), "O Amante"/"Beröringen"/"The Touch" (1971) ela foi uma actriz identificada com a beleza feminina e as suas conturbações em papéis-chave que marcaram a história do cinema. 
    Teve também uma carreira internacional mas foi especialmente notável com o seu compatriota que a descobriu e com o qual atingiu o seu melhor.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Catástrofe

    O monstruso incêndio de Notre-Dame de Paris significa uma perda colossal para a humanidade. Ainda activo, consumiu um monumento cristão e francês que é uma referência espiritual e cultural para todo o mundo.
                     
     Os travejamentos de madeira, as gárgulas, os admiráveis vitrais, um pináculo e uma torre tudo foi destruído apesar do que ainda foi possível salvar. 
     Esta é a maior catástrofe do século XXI até agora, fruto pelo menos de uma grave incúria. Que um monumento histórico que resistiu às maiores calamidades dos séculos XIX e XX possa ser reconstruído, embora parca consolação é uma imposição histórica.

domingo, 14 de abril de 2019

Sonho de amor

   "Greta - Viúva Solitária"/"Greta" do irlandês Neil Jordan (2018) trata de uma estranha mulher, Greta Hideg/Isabelle Huppert, que ataca raparigas a partir de uma mala deixada no Metro, do ponto de vítima das vítimas, não do dela.
    Acompanhamos a tentativa de captura pela sedução de Frances McCullen/Chloé Grace Moretz, que a sua amiga Erica Penn/Maika Monroe tenta ajudar a libertar-se perante a impotência do pai de dela.
    Greta conta que o seu marido, já falecido, tocava na igreja à sexta-feira "Liebestraum" de Franz Liszt, que ela continua a tocar ou ouvir em casa obsessivamente, e este facto não deve ser dissociado da sua patologia.
                      
      Sem ser um grande filme que nem sequer ambiciona ser, é uma obra escorreita e bem feita, que tem cada elemento no seu lugar tanto visual como narrativamente. O destaque vai para as intérpretes, em especial para Isabelle Huppert, inexpressiva mas ameaçadora como Greta, que diz a Frances querer substituir o amor da mãe que ela perdeu. Mas Chloé Grace Moretz está também muito bem.
     O filme tem argumento de Ray Wright e Neil Jordan baseado em história do primeiro, fotografia de Seamus McGarvey com admirável tratamento da luz e da sombra e das cores, música de James Navarrete e montagem de Nick Emerson.
    Neil Jordan, responsável entre outros por "Mona Lisa" (1986), "Jogo de Lágrimas"/"The Crying Game" (1992) e "O Fim da Aventura"/The End of the Love Affair" (1999), depois de uma série sobre os Bórgia, "The Borgias" (2011-2013) e da série "Riviera" (2017), que criou, regressa aqui no seu melhor.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

O poço, seco

        O primeiro depois de "Sono de Inverno"/"Kis Uykusu" (2014) e o oitavo do mais proeminente cineasta turco da actualidade, multipremiado e um dos principais nomes do cinema dos nossos dias, "A Pereira Brava"/"Ahlat Agaci" é o mais recente filme de Nuri Bilger Ceylan (2018) que agora nos chegou.
       Apresenta-se como uma notável sucessão de diálogos de Sinan Karasu/Dogu Demirkel, que terminou um curso superior, quer publicar o seu primeiro livro e ser professor, com diversos interlocutores, entre os quais um presidente de câmara, uma amiga (Hatice/Hazar Ergüçlü), um escritor célebre, o pai (Idris Karasu/Murat Cemeir), a mãe (Asuman Karasu/Bennu Yldirimlar) e o pai em suspeita, um possível patrocinador do seu livro e, depois do serviço militar, os avós, um par de imãs, a mãe e o pai de novo para terminar. Tudo numa terra isolada, distante e perdida na Turquia.
      Mas todo o filme é extremamente bem construído visualmente, com frequente recurso ao grande plano e ao plano geral, com profundidade de campo mas também desfocagens notáveis numa mesma sequência. Ao que acrescem movimentos de câmara amplos e largos, com predomínio do travelling por vezes veloz.
                      Trailer português do filme A Pereira Brava
      A discussão religiosa para que o filme conflui faz lembrar os grandes debates religiosos em Carl Th. Dreyer e Ingmar Bergman sem prejudicar a fluidez da narrativa de um filme muito longo que muito escassa mas simbolicamente a música pontua. 
      Filme sobre a criação e a esterilidade, entre pai e filho persiste a busca de água no fundo do poço depois do sonho do segundo de uma fertilidade onírica. Aliás o filme decide-se entre homens apesar da importância das mulheres, a amiga e a mãe, até a avó do protagonista, e por esse lado a saída é a continuação da tentativa do progenitor.
      As árvores agitadas pelo vento durante a conversa com a amiga Hatice do início repetem-se do mesmo jeito apenas no sonho do final do protagonista. Mas a natureza seca move-se ao lado e por cima das personagens isoladas e solitárias.
      As belas reflexões que preenchem o filme dão-lhe um significado específico sem prejudicarem o desenvolvimento da narrativa, seca e dura, sem remissão mesmo com o apaziguamento subsequente ao conflito.
     Com argumento de Aken Aksu, Ebru Ceylan e Nuri Bilge Ceylan, tem fotografia de Göhkan Tiryaki e montagem do realizador.  Devo, contudo, dizer que à grandiosidade deste filme admirável prefiro o minimalismo de Abbas Kiarostami, embora reconheça que os dois cineastas estão ao nível um do outro.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Entrevista

Carlos Melo Ferreira: Uma vida ao serviço do Cinema






O Cinema Sétima Arte esteve à conversa com o autor e investigador Carlos Melo Ferreira, a propósito do lançamento do seu livro “Pedro Costa”, editado pela Edições Afrontamento, que contou com a colaboração do cineasta. O também professor de cinema tem dedicado a sua vida ao serviço do cinema, através do ensino, da publicação de artigos e livros e da investigação.
Carlos Melo Ferreira é natural de Lisboa, Doutorado em Ciências da Comunicação, especialidade de Cinema, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
É Professor jubilado da Escola Superior Artística do Porto e investigador integrado do Centro de Estudos Arnaldo Araújo (Unidade de I&D da FCT), foi também docente convidado do Mestrado em Comunicação Audiovisual da Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto.
É membro da Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM). Publicou “O cinema de Alfred Hitchcock” (1985), “Truffaut e o cinema” (1991), “As poéticas do cinema” (2004) e “Cinema – Uma arte impura” (2011) nas Edições Afrontamento, mais “Cruzamentos – Estudos de Arte, Cinema e Arquitectura” (2007), “Corte e Abertura” (2015) e “Cinema Clássico Americano: Géneros e Génio em Howard Hawks” (2018) nas Edições 70. Em 2012 criou o blogue Some like it cool, que, em 2017, deu lugar ao seu novo blogue Some like it hot.

Cinema Sétima Arte: Publicou recentemente o livro “Cinema Clássico Americano: Géneros e génio em Howard Hawks”. No caso do cinema clássico português, quem é que seria o Hawks português?
Carlos Melo Ferreira: Jorge Brum do Canto foi Howard Hawks e John Ford no cinema clássico português.
C7A: Tem dedicado e continua a dedicar a sua vida ao ensino e ao cinema. Inspirou muitos que beberam da sua cinefilia. Conte-nos um pouco do que significa para si o ensino e, em particular, o ensino do cinema. 
CMF: Essencialmente trata-se de transmitir informação e conhecimentos sobre o cinema aos meus alunos, incentivando-os a desenvolver o seu gosto pessoal.
C7A: Hoje em dia assistimos à publicação de vários trabalhos de investigação sobre cinema em Portugal. Há quem afirme que os cursos de cinema são irrelevantes e que o cinema nasce e tem mais valor pela experiência do que pela teoria. Como investigador, qual a sua opinião?
CMF: O ensino do cinema deve aliar história, teoria e prática por forma a cumprir a sua função junto dos alunos, embora a experiência fora do ensino possa apresentar valor próprio.
C7A: Fale-nos um pouco da sua relação com Pedro Costa e com o seu cinema.
CMF: Aproximou-nos termos seguido assiduamente os grandes ciclos de cinema da Fundação Gulbenkian, programados por João Bénard da Costa na década de 70, depois entre a Cinemateca e a Gulbenkian. De resto, acompanhei desde o seu início a obra de Pedro Costa como cineasta e também, tanto quanto possível, como artista visual. O que penso a seu respeito consta do livro que agora lhe dediquei.
C7A: Quanto à nova geração de cineastas portugueses, existem já grandes realizadores e realizadoras. No entanto, em Portugal, continuam sem público. Como poderíamos colmatar isto? Como é que a educação e, por exemplo, o plano nacional de cinema poderiam fazer renascer uma cinefilia que tem vindo a desaparecer?
CMF: É importante a informação sobre o que o cinema foi, tal como o conhecimento daquilo que ele é na atualidade. Trata-se do desenvolvimento de um gosto pessoal em cada um e do aperfeiçoamento da relação com a vida, a arte e o próprio cinema. Bem orientado, o plano nacional de cinema pode ser favorável, mal tratado pode ser contraproducente como um “cinema obrigatório”.
C7A: Quanto à nova geração de crítica de cinema, passa essencialmente por blogues do que pelos grandes jornais. Qual o peso dos blogues nesse papel educativo?
CMF: Depende da informação, do conhecimento, da exigência, da dedicação e do gosto dos autores de cada blogue.
C7A: Quanto à sala de cinema e o seu desaparecimento gradual e a proliferação do cinema digital dito doméstico ou privado, como é que isto afeta a perceção do público em relação ao cinema e à sala de cinema?
CMF: Permite o acesso a filmes, mesmo a filmes essenciais da história do cinema, enquanto se dilui a ideia de cinema como espetáculo público, que o tem acompanhado desde a sua origem.
C7A: Em 2011 publicou “Cinema, uma arte impura”. Na capa desse livro usou um frame de “Juventude em Marcha”, de Pedro Costa. Ou seja, o cinema de Costa sempre esteve ligado à sua escrita… Que outros realizadores, para além de Costa, Howard Hawks e os irmãos Coen, mais ficaram consigo?
CMF: Desde antes desse livro que o cinema de Pedro Costa me interessa pois me permite descobrir todas as referências de cada filme e acompanhar o desenvolvimento de uma temática e de uma estética que me interessam. Seria longo e fastidioso fazer uma lista. Permito-me, mesmo assim, responder que me acompanham no cinema mudo David W. Griffith, Charlie Chaplin, Buster Keaton, Erich Von Stroheim e Robert Flaherty, Friedrich W. Murnau e Fritz Lang, Sergei Eisenstein e Alexandr Dovjenko; no cinema clássico Alfred Hitchcock (sobre o qual escrevi um livro) e Fritz Lang, Jean Renoir e Jean Vigo, Kenji Mizoguchi e Yasujiro Ozu, Raoul Walsh e King Vidor além dos já mencionados John Ford e Howard Hawks; no cinema moderno Orson Welles, Anthony Mann e Nicholas Ray, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, Robert Bresson e Manoel de Oliveira, François Truffaut (sobre o qual também escrevi um livro), Alain Resnais, Jean-Luc Godard, Jacques Demy e Jean Marie Straub/Danièle Huillet, John Cassavetes, Frederick Wiseman e Abbas Kiarostami, Edward Yang e Hou Hsiao-hsien; no cinema contemporâneo, sobretudo os asiáticos Jia Zhang-ke e Wang Bing, Hong Sang-soo, Tsai Ming-Liang e Apichatpong Weeresathakul, mas também Béla Tarr, David Cronenberg e James Gray, para além dos mencionados na pergunta. Mas tenho uma estima especial pelos realizadores que melhor trabalharam na Série B, como Edgar J. Ulmer e Jacques Tourneur, Joseph H. Lewis, Sam Fuller, Donald Siegel e Budd Boetticher, mais recentemente John Carpenter.
C7A: Por último, de que forma é que podemos unir o cinema dito popular ao cinema de autor de uma forma saudável na programação dos nossos cineclubes? Isto porque encontramos muito de um lado e pouco do outro. Como é que se pode atingir um equilíbrio?
CMF: Seria preciso mostrar o melhor de cada um, sem minimizar o cinema comercial nem sobrevalorizar o cinema de autor. Sem desprezo pelo primeiro nem receio do segundo, mas tendo em atenção que o cinema de autor é menos conhecido porque menos divulgado.

(Cinema 7º Arte)