tag:blogger.com,1999:blog-27795100214183824232024-03-12T23:55:02.774+00:00Some like it hotCarlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.comBlogger337125tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-47863105264486829052019-07-28T12:40:00.002+01:002019-07-28T12:40:58.907+01:00Carlos Melo Ferreira: falecimento<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Lamentamos informar que Carlos Melo Ferreira faleceu no hospital, no dia
27/07/2019.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O corpo estará depositado na capela mortuária da Igreja de São João de
Deus, em Lisboa, a partir das 18h de 29/07/2019 (segunda feira).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Na terça feira, dia 30/07/2019, haverá uma missa às 10h seguindo-se o
funeral às 11h para o cemitério o Alto de São João, em Lisboa, onde o corpo
será cremado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Deolinda Freitas (esposa)<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">André Ferreira (filho) </span>Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-16926460169904920792019-07-10T21:58:00.001+01:002019-07-10T21:58:26.312+01:00João Gilberto (1931-2019)<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Foi o grande inventor da <i>Bossa Nova</i> como cantor, músico e compositor, um tipo de música que se internacionalizou e o tornou mundialmente conhecido e admirado em língua portuguesa. Inspirando-se no jazz, que também influenciou, e na música moderna brasileira, que ajudou a criar com António Carlos Jobim, João Gilberto revelou um talento extraordinário, que o fez merecer o sucesso que teve. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="" class="size-large wp-image-354675" height="274" src="https://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/captura-de-tela-2019-07-07-as-08-04-25-600x412.png" width="400" /> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A fama chegou-lhe nomeadamente através de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Chega de Saudade" e "Bem Bom" e os seus méritos, a sua batida e a sua voz, foram muito importantes para o aparecimento da <i>música popular brasileira</i>. Emocionado, aqui me curvo sentidamente perante a sua memória.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-68151066955682181832019-07-06T20:44:00.001+01:002019-07-06T20:44:46.343+01:00Pior não é possível<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"A Revolução Silenciosa"/"Das schweigende Klassenzimmer", de Lars Kraume (2018), com adaptação dele de um livro de Dietrich Garstka, é um filme baseado em factos reais que decorree na Alemanha de Leste em 1956, ano do levantamento de Budapeste, na Hungria, esmagado pelas forças soviéticas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Numa turma do ensino secundário em que se contam as presenças de Theo Lemke/Leonard Scheicher, Kurt Wachter/Tom Gramenz, Lena/Lena Klenka, Paul/Isahia Michalski e Erik Babinsky/Jonas Dassler, é decidido comprir numa aula dois minutos de silêncio pelos húngaros em luta, do que os alunos têm conhecimento por uma rádio americana.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Numa escalada tremenda, que chega a levar à presença do Ministro da Educação Leste alemão, sucedem-se os interrogatórios cerrados sobre a causa e a iniciativa do protesto, que acabam por deixar Erik à margem do resto da turma, ele que vem a saber entretanto do verdadeiro destino do seu pai, morto no <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">final da II Guerra Mundial - o que é acompanhado pela revelação a Theo e a Kurt do passado dos respectivos progenitores.</span></span> </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="" class="fancybox-image" height="400" src="https://filmspot.com.pt/images/filmes/posters/big/454693_pt.jpg" width="269" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Colocados uns contra os outros, os alunos adolescentes acabam todos por se acusar a si próprios pela origem do protesto, pelo que são todos expulsos, a maioria resolvendo então partir para a Alemanha Ocidental, pois, dizem, "pior que isto não é possível".</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Libelo terrível contra um regime de terror e opressão até dos mais novos, este filme de Lars Kraume permite uma divulgação maior que a do livro em que se inspira dos tremendos dilemas morais, que passam pela delação, colocados pelas autoridades Leste alemãs aos mais novos, dilemas que nem aos adultos devem ser colocados. Tanta prepotência para acabarem em pouco mais de três décadas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com realização muito boa de um homem que tem trabalhado para o cinema e para a televisão, tem excelentes interpretações, fotografia de Jens Harant, música de Christoph Kaiser e Julian Maas e montagem de Barbara Gies. Passou ontem à noite na <i>RTP2</i>.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-71562874414586087822019-07-02T17:41:00.002+01:002019-07-02T22:57:31.592+01:00O melhor<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">António Manuel Hespanha (1945-2019) foi um jurista e historiador eminente, homem de grande saber e cultura com uma vasta obra publicada sobre História, Direito e Ciência Política e um ensino de grande qualidade na Universidade de Coimbra e na Universidade Nova de Lisboa, de que foi professor catedrático. Foi Investigador Honorário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e docente de outras instituições do Ensino Universitário.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="Morreu o historiador António Manuel Hespanha" height="400" src="https://thumbs.web.sapo.io/?epic=ZDA394IdRD11sb1af/cIHFKKZThYDxCPeDt2g1fqGPtmxbjtdZjoNSvYF37CiIKl8diLngefxSkoXIXtXOXbCrzbN+9rjnMuHimymPa1YcpeU5Q=&W=800&H=0&delay_optim=1" width="400" /> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tendo-se ocupado, numa obra muito extensa e rica, entre outros assuntos da história dos descobrimentos, notou neles a ausência sistemática dos descobertos, do "outro lado", o das populações indígenas, que eles afectaram. Foi o melhor na sua área científica, em que deixa discípulos e influências. A comunidade científica perde com a sua morte uma das suas figuras mais destacadas</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-27094608277994830002019-07-01T12:15:00.001+01:002019-07-01T12:15:29.117+01:00Ainda de pé<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Não sendo fã do rock, tive curiosidade em ver "Rocketman", de Dexter Fletcher (2019), uma biografia de Elton John/Taron Egerton em adulto, cuja carreira segui por alto.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Como
pontos mais destacados do seu percurso o encontro com Bernie
Taupin/Jamie Bell, letrista e grande amigo, e o encontro com John
Reid/Richard Madden, que depois de seu amante se vai tornar um agente
possessivo e difícil. </span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Bem construído em <i>flash-back </i>do protagonista, o filme é suposto contar a verdadeira história de Elton, produtor executivo. Acompanha-o desde uma infância problemática por causa dos pais até à cura de desintoxicação a que se submeteu há 28 anos. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="" data-file-height="370" data-file-width="250" height="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/thumb/5/59/Rocketman_2019.png/200px-Rocketman_2019.png" width="270" /> </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Foi uma vida turbulenta e instável até essa altura, que mesmo assim lhe permitiu romper e singrar num meio difícil e ingrato em que é conveniente não cometer erros, o que ele acumulou. A dificuldade da descoberta da sua homossexualidade na época acabou por fazê-la reverter em benefício da sua arte e da sua identidade.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A realização puxa para o musical no seu melhor e é correcta e funcional para um filme institucional. Quero com isto dizer que tem explosões de energia e de interesse mas não chega a soltar-se. O argumento é de Lee Hall, a fotografia de George Richmond, a música de Matthew Margeson e a montagem de Chris Dickens.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Rocketman" é uma boa biografia ficcionada de um grande compositor e cantor que marcou o seu e o nosso tempo, tornando-se uma vedeta milionária, conhecida e respeitada em todo o mundo. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-12495890524233009352019-06-27T15:20:00.001+01:002019-06-27T15:20:23.111+01:00Actriz francesa<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Edith Scob (1937-2019) foi uma actriz francesa de rosto e figura singulares, que se distinguiu desde os seus inícios no cinema com cinco Georges Franju nos anos 50/60 e teve depois uma carreira longa em que me compete destacar "A Via Láctea"/"</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">La voie lactée" de Luis Buñuel (1969),<span class="description"> </span> "Casa de Lava", de Pedro Costa (1994), "Tempos de Verão"/"</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">L'heure d'été" de Olivier Assayas (2008), cinco filmes de Raul Ruiz e "Holly Motors", de Leos <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Carax (2012).</span></span> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="Le cinéma français pleure la disparition d’Edith Scob: grand second rôle, elle est décédée à l’âge de 81 ans" class="embed-responsive-item gr-content-image gr-main-image img-responsive" data-copyright="PHOTOPQR/LE PARISIEN" data-height="500" data-width="888" height="225" src="https://www.sudinfo.be/sites/default/files/dpistyles_v2/ena_sp_16_9_illustration_principale/2019/06/26/node_127145/36718060/public/2019/06/26/B9720075219Z.1_20190626164341_000+GF7DUE203.2-0.jpg?itok=pAGM1x8w" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Beleza atraente e estranha, foi uma grande actriz de quem vou sentir muito a falta, pois era uma figura emblemática do cinema contemporâneo, à qual o cinema francês muito ficou a dever. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-17390397942540560702019-06-26T18:44:00.001+01:002019-06-26T18:44:35.890+01:00Génio<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Os Olhos de Orson Welles"/"The Eyes of Orson Welles" do historiador inglês do cinema Mark Cousins (2018) é um bom filme biográfico que percorre a vida e a actividade do genial cineasta americano a partir de imagens e sons de arquivo, que a voz do realizador e argumentista anima ao comentar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Dividido em capítulos, chama em especial a atenção para os desenhos de Welles, actividade menos conhecida e muito reveladora apesar de tudo aquilo que o autor destruiu. Na sua vida privada são focados os aspectos mais importantes, nomeadamente das influências materna e paterna, das viagens que fez e de amores e casamentos, também de posições políticas.</span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="" class="attachment-landscape-xxlarge size-landscape-xxlarge" height="225" src="https://pmcvariety.files.wordpress.com/2018/06/the-eyes-of-orson-welles.jpg?w=1000&h=563&crop=1" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Da obra é dado o devido destaque ao que fez para rádio, teatro e televisão, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">fora dos lugares comuns, </span></span>com sons e imagens de arquivo de que destaco o seu "King Lear" <i>live </i>para a televisão nos anos 50, e da obra para cinema é devidamente realçado cada filme, cena a cena, no conjunto de uma obra muito importante, com o devido enquadramento teatral, artístico, pictórico, também cinematográfico, para os filmes shakespearianos e o filme kafkiano em especial.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> É possível fazer a <i>história do cinema</i> em termos não literários mas cinematográficos, como Mark Cousins já tinha feito em "A História do Cinema: Uma Odisseia"/</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">The Story of Film: An Odyssey<span class="description"> </span>" (2011) e aqui exuberaqntemente confirma. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Deste filme sobre um génio trabalhado, mal amado e hoje em dia mal conhecido, decorre que a <i>história do cinema</i> pode ser leve, clara e divertida, como os tempos de hoje exigem, não algo de compacto e maçador. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-80913192030358378472019-06-21T22:35:00.001+01:002019-06-21T22:35:27.315+01:00Isto ainda vai acabar mal<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Os Mortos Não Morrem"/"The Dead Don't Die" de Jim Jarmusch (2019) é mais um grande filme do nome maior do <i>cinema independente </i>americano. Seguindo na esteira de "Só os Amantes Sobrevivem"/Only Lovers Left Alive" (2013), dele recupera a temática, agora com <i>zombies</i>, e a actriz principal, Tilda Swinton.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Em Centerville, "um belo lugar" na América, em consequência de alterações climáticas que levaram a que a Terra saísse do seu eixo, começam a acontecer coisas estranhas: o sol põe-se a desoras, aparecem animais mortos ou fora do seu sítio e sobretudo os mortos do cemitério voltam à vida. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Os polícias encarregados do caso, o Chefe Cliff Robertson/Bill Murray (de "Broken Flowers - Flores Partidas"/"Broken Flowers", 2005), o agente Ronnie Peterson/Adam Driver (de "Paterson", 2016) e a agente Mindy Morrison/Chloé Sevigny, os únicos da pequena localidade, fazem o que podem com os conhecimentos que adquirem no próprio local, nomeadamente no restaurante e na loja de bugigangas locais, enquanto a dona da agência funerária local, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Zelda Winston/Tilda Swinton, tenta fazer pela vida. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Há ainda o eremita Bob/Tom Waits, que encontra um livro, "Moby Dick" de Herman Melville, debaixo de folhas e de terra, três jovens turistas e duas crianças numa população que morre mas não morre. </span></span>A receita para acabar com os mortos-vivos é cortar-lhes a cabeça, no que Zelda com a sua espada é perita.</span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Dead Don't Die" class="lazy attachment- size- wp-post-image lazy-loaded" data-lazy-sizes="(max-width: 3000px) 100vw, 3000px" data-lazy-src="https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie.jpg" data-lazy-srcset="https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie.jpg 3000w, https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie-300x163.jpg 300w, https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie-768x417.jpg 768w, https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie-1024x555.jpg 1024w" data-lazy-type="image" height="216" src="https://www.slantmagazine.com/wp-content/uploads/2019/04/film_deaddontdie.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Para além das referências cinematográficas, que partem de "Nosferatu, O Vampiro"/"Nosferatu, eine Symphonie des Grauens", de F. W, Murnau (1922), as alusões políticas vão mais longe que nos filmes de George A. Romero, também citado, numa organização fílmica que se move muito bem entre o diegético e o extra-diegético, especialmente na música e com os dois protagonistas, actores que leram coisas diferentes do argumento.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Os Mortos não Morrem", no original o título de uma canção de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="st">Sturgill Simpson</span>, é mais uma peça inteligente e muito boa na obra de um dos mais importantes cineastas americanos da actualidade, </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com argumento do realizador, fotografia Frederick Elmes e montagem de Affonso Gonçalves, este filme não é uma crítica superficial mas profunda da América contemporânea. A crítica será a arte de amar sobretudo quando está em causa um filme que pratica a crítica como arte de amar, radicalmente crítico como este é. Oiçam bem a <i>voice over</i> final e escutem bem a música durante o genérico de fim, depois de Zelda ter regressado às origens e tudo estar consumado.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Claro que se pode reconhecer pessimismo nos sinais que anunciam o fim do mundo, mas pelos vistos não andamos muito longe disso se não formos todos a tempo de reverter situações climáticas que parece ainda não serem irreversíveis. Como <i>filme de zombies </i>este último de Jim Jarmusch arranca gargalhadas da assistência, em que deve sobretudo provocar má consciência.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-6815824867859778472019-06-17T19:30:00.001+01:002019-06-17T19:33:43.979+01:00Animação portuguesa<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias" é uma curta-metragem da portuguesa Regina Pessoa (2019), agora distinguida com o Prémio do Júri e o da banda sonora em curta-metragem no Festival de Annecy, em França.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> No melhor estilo da realizadora, responsável por "História Trágica com Final Feliz" (2006) e <b> </b></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Kali, O Pequeno Vampiro" (2002), refere-se ao seu tio, que foi contabilista.</span></span> <br />
<img alt="Tio Tomas" class="img_fiche_std" height="126" src="https://www.annecy.org//resources/images/m/20191900_1.jpeg" title="Tio Tomas" width="400" /><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com linhas dinâmicas, que ora são rectas ora se encurvam em espiral, e uma música muito boa, é um belíssimo e também sentido filme que utiliza o preto e branco e a cor..</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com Regina Pessoa a animação portuguesa continua no seu melhor. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-66683088198116367212019-06-17T19:29:00.001+01:002019-06-17T22:54:04.711+01:00Voltar ao princípio<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Foxtrot" é a segunda longa-metragem de ficção do israelita Samuel Maoz (2017), depois de "Líbano"/"Lebanon" (2009), como este um filme muito bom e chocante apesar da sua simplicidade narrativa, que não formal.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Os primeiros 40 minuitos passam-se entre a chegada ao casal Feldman, Michael/Lior Ashkenazi e Daphna/Sarah Adler, da notícia da morte do seu filho, Jonathan/Yonaton Shiray, a cumprir o servição militar, e a chegada posterior do seu desmentido: quem tinha morrido era outro com o mesmo nome. Logo aí a posição superior da câmara, em<i> plongé</i>, e a sua mobilidade dão conta do esmagamento e da desorientação do pai.</span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="" class="attachment-900x900 size-900x900" data-attachment-id="31463" data-comments-opened="1" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="Foxtrot.Filme 15" data-large-file="https://cinematographecinemafilmes.files.wordpress.com/2018/09/foxtrot-filme-15.jpg?w=900" data-medium-file="https://cinematographecinemafilmes.files.wordpress.com/2018/09/foxtrot-filme-15.jpg?w=300" data-orig-file="https://cinematographecinemafilmes.files.wordpress.com/2018/09/foxtrot-filme-15.jpg" data-orig-size="935,420" data-permalink="https://cinematographecinemafilmes.wordpress.com/2018/09/25/foxtrot-2017/foxtrot-filme-15/" height="179" src="https://cinematographecinemafilmes.files.wordpress.com/2018/09/foxtrot-filme-15.jpg?w=900" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> No segmento seguinte acompanhamos Jonathan na barreira que vigia no deserto, as conversas sobre a guerra e o passado dele com os seus camaradas, até tudo chegar a um acto </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">precipitado </span></span>de violência No terceiro segmento, mais curto, o casal apresenta-se conformado com a morte do filho, que surge no epílogo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com ironia e subtileza, o filme constrói o seu mistério e resolve-o, com a sugestão dos passos de dança. Mantendo a agilidade de câmara apropriada, que não impede que ela se detenha em planos longos, "Foxtrot" não abandona a ideia de fluidez da passagem do tempo e de desnorte que acompanha as suas personagens. E inclui mesmo uma notável cena de animação.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com argumento do cineasta, tem fotografia de Giora Bejach, música escassa e muito boa de Ophir Leibovitch e Amat Poznansky e montagem de Arik Lahav-Leibovich e Guy Nemesh. . </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-75908638773538969562019-06-14T10:46:00.003+01:002019-06-14T10:46:54.339+01:00Venham todos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh35jeDGBfHx5d4SLuAp5vS4rDjdm_xcsEbDcquOHztgE-1CjlVqll3A33QQv2gf7MJ-NfE-KA_d5p77P2dAqF3JiVq1fxzd5dzxbEm6b8SLr9tVEwxC-2PJIIZovI0iHF3ajpij05Exis/s1600/Convite+livro+pc+cinemateca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1526" data-original-width="1080" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh35jeDGBfHx5d4SLuAp5vS4rDjdm_xcsEbDcquOHztgE-1CjlVqll3A33QQv2gf7MJ-NfE-KA_d5p77P2dAqF3JiVq1fxzd5dzxbEm6b8SLr9tVEwxC-2PJIIZovI0iHF3ajpij05Exis/s640/Convite+livro+pc+cinemateca.jpg" width="451" /></a></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-87574149600265260752019-06-12T23:23:00.001+01:002019-06-12T23:23:18.382+01:00As contas da morte<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mrinal Sen (1923-2018) foi um importante cineasta indiano do século XX, autor de uma obra extensa e pessoal que rivalizou com Satyajit Ray (1921-1992) e Ritwik Ghatak (1925-1976) no cinema no seu entendimento ocidental, distante do de Bollywood.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com uma obra marcante iniciada em 1955 e centrada em Bengala, combativa e portadora de traços narrativos e estéticos próprios, <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">não trabalhava desde 2002.</span></span> </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="Mrinal Sen's death marks the passing of a golden generation of Bengali filmmakers that also included Satyajit Ray and Ritwik Ghatak." height="225" src="https://static.telegraphindia.com/derivative/THE_TELEGRAPH/1680425/16X9/imagea6cd7868-3962-4400-bdaf-c11f78608c63.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Dominique Noguez (1942-2019) foi um escritor, crítico e historiador do cinema que dedicou especial atenção ao <i>cinema experimental </i>e ao <i>cinema</i> <i>underground</i>, que tirou do desconhecimento e da invisibilidade com estudos de referência.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Seymour Cassel (1935-2019) foi um actor de cinema e televisão americano com uma carreira longa, que ficou famoso pela sua participação nos filmes do cineasta independente John Cassavetes (1929-1989), cujo grupo de actores permanentes integrou com distinção. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="Minnie and Moskowitz 1971" class="cb-fi-standard wp-post-image" src="http://sensesofcinema.com/assets/uploads/2018/02/MinnieandMoskowitz-750x400.jpg" height="213" style="display: inline;" width="400" /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Ruben de Carvalho (1944-2019) foi um lutador anti-fascista, várias vezes preso pela PIDE. Jornalista e homem de cultura além de comunista, foi deputado à Assembleia da República e vereador da Cãmara Municipal de Lisboa, e organizou a Festa do Avante desde 1976, o que lhe mereceu um lugar destacado no Portugal democrático. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Era um homem simpático e afável, de verbo fácil e senhor das suas ideias, que amava o fado, sobre o qual escreveu, e deixou a melhor impressão pessoal e humana em todos aqueles que o conheceram.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-56769921707085804832019-06-10T12:44:00.004+01:002019-06-10T12:44:54.918+01:00Fantasmas<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"O Segredo da Cãmara Escura"/"Le secret de la chambre noire", do japonês Kiyoshi Kurosawa (2016), é mais um filme no género em que ele começou por se notabilizar e se tornou mais conhecido: <i>o filme de fantasmas</i>.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O que quer que se pense do assunto, e eu sou céptico, tem de se reconhecer a mestria do cineasta, tanto narrativa como cinematograficamente.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Na Europa, um fotógrafo de daguerreótipos na actualidade, Stéphane/Olivier Gourmet, usa como modelo a filha, Marie/Constance Rousseau, e tem um novo assistente, Jean/Tahar Rahim. Enquanto a mulher do fotógrafo, Denise/Valérie Sibilia, morta, continua a aparecer, Marie é aceite num novo emprego em Toulouse e, por pressão de Thomas/Mark Zidi, empreendedor imobiliário apresentado por Vincent/Mathieu Amalric, Jean tenta convecer o patrão a vender a casa que habita no </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">subúrbio por alto preço.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="O SEGREDO DA CÂMARA ESCURA" border="0" class="img_filme" src="http://42.mostra.org/_img/_filmes/8735.jpg" height="235" width="400" /><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Marie morre em consequência de queda pelas escadas... mas continua viva com Jean até ao fim, em que finalmente se ausenta da igreja.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Kiyoshi Kurosava tem um estilo de realização elegante e integra da melhor maneira os fantasmas junto de gente assombrada por diversos motivos - Jean chega a falsificar a assinatura de Stéphane para atingir os seus objectivos, como se para sublinhar a falsidade de tudo. </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E vamos indo que a remissão para o século XIX, com o daguerreótipo, permite mergulhar no mistério da imagem para que o título remete.</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tem argumento do cineasta e Hiromi Kurosawa, fotografia de Alexis Kavirchine, música de Grégoire Hetzel e montagem de Véronique Lange. Prefiro Kiyoshi Kurosawa fora deste género, mas vê-se com interesse e sem fastio sobretudo se, como eu, não se acreditar em fantasmas. </span></span><span class="description"> </span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-52347842364469522672019-06-03T22:44:00.001+01:002019-06-03T22:44:18.462+01:00O Norte<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Natural de Vila Meã, Amarante, Agustina Bessa-Luís (1922-2019) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, ao nível de Teixeira de Pascoais, Raul Brandão, Aquilino Ribeiro ou José Saramago. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Chamou a atenção especialmente com "A Sibila" (1954), um dos grandes romances do século, para a partir daí prosseguir uma obra muito importante centrada no Norte do país, que bem conhecia e a inspirou. Um tanto na senda de Camilo Castelo Branco, fez a crónica do século XX português nortenho com um sentido do mistério e do trágico, nomeadamente da tragédia familiar, e um grande conhecimento das classes sociais, da natureza humana e da história, de forma a atingir nos seus livros uma dimensão universal.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="Agustina Bessa-Luís" class="entry-thumb" height="304" src="https://www.delas.pt/files/2016/11/Agustina.jpg" title="Agustina Bessa-Luis" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Aproveitada por Manoel de Oliveira, seu amigo e admirador, que a convidou para "Francisca" (1981) a partir de "Fanny Owen" e adaptou diversas vezes depois, em "Vale Abraão" (1993), "O Princípio da Incerteza" (2002) e "Espelho Mágico" (2005), acabou por ter uma fama extra-literária importante. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Mas distinguiu-se também na biografia, no teatro, na crónica, nas memórias e no ensaio. Afastada da vida pública desde 2006, permaneceu uma figura de referência, muito importante e influente das letras portuguesas. Na hora do seu passamento cumpre-me destacar a perda de uma grande senhora da cultura portuguesa e manifestar o meu respeito perante a sua memória.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-30437710145197988052019-06-03T12:58:00.001+01:002019-06-03T12:58:55.011+01:00SOPHIA<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nome do saber em grego, Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) foi a poetisa portuguesa mais importante do século XX e um dos maiores nomes de toda a poesia portuguesa e europeia. Comemoram-se agora 100 anos do seu nascimento.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Natural do Porto, aí conviveu com os grandes nomes da cultura e da literatura portuguesa do seu tempo, como Eugénio de Andrade e Agustina Bessa-Luís, num tempo em que Portugal vivia sob o jugo salazarista contra o qual alguns dos melhores, entre os quais ela, resistiram. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Limpída e inteira na sua poesia, que depois dos primeiros poemas de 1940 começou a publicar em 1944, nela se oferecia no que mais apreciava do mundo com uma sensibilidade apurada. Sem constrangimentos, que não suportava, no que escrevia nos revelava o mundo, que desdobrava para nós numa comunicação poética pessoal e afectuosa. De olhos secos.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="Wook.pt - O Nu na Antiguidade Clássica | Antologia de Poemas sobre a Grécia e Roma" class="img-responsive " src="https://img.wook.pt/images/o-nu-na-antiguidade-classica--antologia-de-poemas-sobre-a-grecia-e-roma-sophia-de-mello-breyner-andresen/MXwyMTUyMTE0OHwxNzM2ODQwMXwxNTU2MDYwNDAwMDAw/250x" title="Wook.pt - O Nu na Antiguidade Clássica | Antologia de Poemas sobre a Grécia e Roma" /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Comecei a lê-la cedo, quando era publicada pela Ática e pela Moraes Editora, e não deixei de a seguir através da sua arte poética e depois de <i>O Cristo Cigano</i>, do <i>Livro Sexto </i>e de <i>Geografia</i>, incluídas as suas "artes poéticas" O seu português filigranado acolhia uma sensibilidade terrestre e luminosa, mediterrânica e marínha, atenta a tudo como Reiner Maria Rilke, que me faz lembrar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Ainda hoje, diria que sobretudo hoje é fundamental conhecê-la, quanto mais não seja através das diversas publicações da sua "obra poética". Em prosa destaco os seus contos para crianças e o clássico "O Nu na Antiguidade Clássica"", agora reeditado com uma antologia de poemas seus sobre a Grécia e a Roma antigas. Aproveitem. Isto sem esquecer o seu teatro, os seus ensaios e as suas traduções </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante e, para o francês, de alguns poetas portugueses.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O que ainda hoje mais me emociona e motiva, o que mais aprecio na poesia encontro-o inteiro e intacto, palavra a palavra, som a som na poesia dela. Por isso aqui a recordo como poetisa e como l</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">utadora política. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img class="progressiveMedia-image js-progressiveMedia-image" data-src="https://cdn-images-1.medium.com/max/1600/1*3OWSqWB3HxJefTxQWADutQ.jpeg" src="https://cdn-images-1.medium.com/max/1600/1*3OWSqWB3HxJefTxQWADutQ.jpeg" /><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A minha vida é o mar o abril a rua<br />
O meu interior é uma atenção voltada para fora<br />
O meu viver escuta<br />
A frase que de coisa em coisa silabada<br />
Grava no espaço e no tempo a sua escrita<br />
<br />
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro<br />
Sabendo que o real o mostrará<br />
<br />
Não tenho explicações<br />
Olho e confronto<br />
E por método é nu meu pensamento<br />
<br />
A terra o sol o vento o mar<br />
São a minha biografia e são meu rosto<br />
<br />
Por isso não me peçam cartão de identidade<br />
Pois nenhum outro senão o mundo tenho<br />
Não me peçam opiniões nem entrevistas<br />
Não me perguntem datas nem moradas<br />
De tudo quanto vejo me acrescento<br />
<br />
E a hora da minha morte aflora lentamente<br />
Cada dia preparada"</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Muito do melhor que aprendi na vida foi com a poesia dela que o aprendi. A beleza e o que ela significa e esconde. Como abordar o mundo e estar na vida. Como viver cada dia como se fosse o último, como saborear o convívio com a morte. Como enfrentar a descoberta do que não sabemos.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Que a passagem do centenário do seu nascimento, homenageando-a, desperte a curiosidade dos mais novos são os votos que aqui deixo espressos. Eu vou continuar a lê-la e a procurá-la nos poetas mais novos. Ela é muito boa para impedir o esmorecimento ou o adormecimento pois nos transmite, decantada, a vida sem nos dar a paz.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> (O que desconcerta quem não me conhece e me espera entre a boquilha da Natália e o cachimbo do David, bons poetas sem dúvida, é encontrar-me em poesia acima de tudo em Sena, Sophia, Herberto e no outro que era muitos - a seguir em Pessanha, Oliveira, Fiama e Belo, todos depois de Luís Vaz.)</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-87719098176908129352019-06-02T21:31:00.000+01:002019-06-02T21:31:01.133+01:00Dois irrmãos e o mais<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em "Billy The Kid - A Lenda"/"The Kid", segunda longa-metragem do actor Vincent D'Onofrio como realizador (2019), dois irmãos, Rio Cutler/jake Schur e Sara Cutler/Leila George, acompanham os últimos dias do famoso bandido do século XIX americano, que se transformou em mito e tem inspirado múltiplos e desvairados filmes.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Preso pelo inevitável Pat Garrett/Ethan Hawk, o Kid/Dane De Hann vai tentar evadir-se até o conseguir, enquanto os dois irmãos são separados por iniciativa do seu odioso tio paterno, Grant Cutler/Chris Patt. Com Rio, que é o narrador, ferido, mesmo assim este vai tentar ajudar o <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Kid.</span></span> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="" class="attachment-bk1000_600 size-bk1000_600 wp-post-image" src="http://static2.flagra.pt/wp-content/uploads/2019/05/e4bdec4f6f0cee85bc1683cdd91f98be-e1557677191660-1000x600.jpg" height="240" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com conversas filosóficas, cenas nocturnas muito bem resolvidas visualmente e alguns planos gerais de um cavaleiro que percorre a planície, "Billy The Kid - A Lenda" resolve muito bem a morte de Billy em dois planos, o do tiro e o do homem caído, para depois se dedicar à busca de Sara por Rio com a ajuda de Pat.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O filme beneficia por não acabar com a morte do bandido, como geralmente acontece, e acompanhar depois dela a história dos dois irmãos. No duelo entre Pat Garrett e Grant Cutler tudo é também bem resolvido, depois de uma primeira intervenção de Sara, pelo novo e diferente <i>kid</i>, o narrador a que o título original se refere.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A excelente fotografia é de Matthew J. Lloyd, a música composta e tocada por Lathan Gaines e Shelby Gaines é muito boa e bem utilizada, enquanto o argumento é de Andrew Lanham. Num bom elenco, de que o realizador participa num pequeno papel, há sobretudo trabalhos de composição notáveis.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Género nos nossos dias raro, o <i>western </i>teve uma história muito importante na Hollywood clássica. Este filme, mais sobrevivente que outra coisa, deixa muito boa impressão também e até sobretudo pela voz do narrador, que criando distância aumenta a empatia. Simultaneamente sagração de Billy The Kid na sua morte e reabilitação de Pat Garrett depois dela, tenta espreitar um futuro que ali ainda mal se vê.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-55148447888408465532019-05-31T15:18:00.002+01:002019-05-31T15:18:27.851+01:00Só contra todos<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"L'idiot"/"Durak" de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yuriy Bykov (2014) é um filme que enfrenta a corrução numa pequena cidade russa por intermédio de Dmitri/Artyom Bystrov, um canalizador que estuda e receia que um prédio-dormitório esteja para ruir.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Pede o apoio da presidente da câmara e das autoridades locais que, primeiro perturbadas, acabam por revelar a negligência daquele caso e o aproveitamento pessoal, entre outros, dos meios disponibilizados para reparar o dito edifício.</span></span> <span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por isso nada fazem naquela emergência a não ser queimar os papéis que os comprometem. </span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img class="cboxPhoto" height="167" src="https://resize.programme-television.ladmedia.fr/r/1120,600/img/var/premiere/storage/images/racine/film/l-idiot-4277235/l-idiot-4405913/l-idiot-20165/89259164-1-fre-FR/L-Idiot-2016.jpg" style="float: none;" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Dmitri é teimoso e insiste na evacuação do edifício mesmo depois do ajuste de contas local e de abandonar a família. Porque, se tiver razão, estarão em causa 800 vidas, o que ele considera importante e justificar a sua acção.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A corrupção, que parece ser um problema que afecta a Rússia actual e uma boa parte do mundo contemporâneo, é aqui deslindada de forma clara e frontal, sem paliativos ou desculpas, por um pequeno homem que acaba por pôr em causa tudo e todos, para seu próprio mal afinal pois ninguém acredita no seu alerta e o prédio em causa não vem abaixo - daí o título dostoievskiano. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Também argumentista, autor da música e da montagem, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yuriy Bykov dá muito bem conta de si, com um realização contrastada e dinâmica que vai, por exemplo, do <i>plano fixo longo</i> ao <i>travelling longo </i>com toda a pertinência e equilibra dramaticamente o filme. A fotografia é de Kirill Klepalov. Não será, pois, um acaso que se fale do cineasta a propósito de um eventual <i>cinema novo russo </i>nos nossos dias<i>. </i></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Passou esta semana no <i>Arte</i>. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-34250506729196314802019-05-28T20:40:00.001+01:002019-05-28T20:40:20.280+01:00Talvez escrever<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Em Chamas"/"Burning" do sul coreano </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Lee </span></span>Chang-dong (2018), que já nos dera entre outros "Poesia"/"Shi" (2010), é um filme muito bom, bem elaborado narrativamente e bem construído cinematograficamente. Tem argumento de Jungui Oh e do cineasta baseado em conto de Haruki Murakami.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com uma encenação em largura e em profundidade, o filme acompanha Lee song-so/</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yoo </span></span>Ah-in que se prende a Shin Hae-mi/Jeon Jong-seo, que conhecera na infância, antes desta viajar para África, para logo a seguir ao regresso a perder em favor de Ben/Steven Yeun. Fazendo que avança sem avançar, andando em círculo, abre a partir do sonho do protagonista, com as chamas que Ben dissera atear a estufas e o subsequente desparecimento de Shin Hae-mi.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="" class="wp-image-1220 size-full" height="209" src="https://www.lunadramaland.com.br/wp-content/uploads/2019/01/burning-beoning-2018-korean-movie-still.jpg" width="400" /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Escritor sem livro que quer seguir William Faulkner, </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Lee song-so </span></span>escreve antes do final violento que fora precedido pelo regresso inesperado da sua mãe e pelos objectos de </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Shin Hae-mi</span></span> em casa de Ben, incluindo o gato, Bolha, que não era visível em casa dela e ali surge tal como o relógio cor-de-rosa dela.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Feito de silêncios e elipses, tem uma música não indiferente que, sem cair na sopa audiovisual de hoje, permanentemente comenta, sublinha, contrasta em contraponto e inventa.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A fotografia é de Hong Kyung-pyo, a música do conhecido Mowg (Lee Sung-hyun) </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">e a montagem de Kim Da-won e Kim Hyun. A realização é sempre serena e segura, centrada no que é importante, mesmo se vazio, sem esquecer o fora de campo.</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Trata-se de mais um filme muito bom, sério, misterioso e profundo, que há que preencher nos seus enigmas e nas suas elipses, de um cineasta que merece a nossa melhor atenção. Prémio da melhor realização do Cinema Asiático 2018.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-78342460874575557962019-05-26T18:58:00.001+01:002019-05-27T23:31:26.261+01:00Rejeitada<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Uma Mulher Doce"/"Krotkaya", de Sergei Loznitsa (2017) é um bom filme do também documentarista ucraniano, diferente dos anteriores do cineasta de que contudo não desmerece.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Uma mulher, doce/Vasilina Makovtseva, numa pequena vila russa recebe devolvida a encomenda que enviou por correio para o marido, preso na Sibéria. Sem explicações sobre tal devolução.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Resolve então dirigir-se ao local em que ele se encontra para saber o que se passa. Desde o início, na estação dos correios e no autocarro, percebe-se o mal-estar reinante. Depois de uma viagem de comboio, a mulher doce adormece numa estação, sono de que é despertada para um percurso tormentoso em que se depara com recusa atrás de<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> recusa.</span></span> </span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Sergei Loznitsa: ‘A Rússia não tem passado nem futuro, apenas um presente infinito’" class="attachment-jnews-750x375 size-jnews-750x375 wp-post-image lazyautosizes lazyloaded" data-expand="700" data-sizes="auto" data-src="https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2018/06/Krotkaya-750x375.jpg" data-srcset="https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2018/06/Krotkaya-750x375.jpg 750w, https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2018/06/Krotkaya-360x180.jpg 360w, https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2018/06/Krotkaya-1140x570.jpg 1140w" height="200" src="https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2018/06/Krotkaya-750x375.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Depois de encontrar a defensora dos direitos humanos e de assistir do exterior a uma cerimónia de homenagem ao director da prisão, quando tentavam violá-la ela é acordada de novo na estação onde adormecera do que afinal tinha sido um sonho durante o sono. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Mesmo se em parte sonhado, o retrato da Rússia actual é duro e impiedoso, concentrando em si os pesadelos do passado, do presente e do futuro na descrição do percurso kafkiano da protagonista. E terá sido efectivamente sonho?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com o rigor estético a que Loznitsa nos habituou, geométrico antes da abertura do sonho, caótico depois, e grande importância do fora de campo é mais um bom filme dele, com fotografia de Oleg Mutu e montagem de Danielius Kokanauskis, sem música que não seja a diegética. Um filme moderno que segue em frente sem ceder em nada.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-29586285652885149692019-05-23T22:25:00.001+01:002019-05-23T22:25:26.486+01:00Eufórico<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Depois de "Spring Breakers: Viagem de Finalistas"7"Spring Breakers" que tinha chamado a atenção para ele, Harmony Korine realizou "The Beach Bum: A Vida Numa Boa"/"The Beach Bum" (2019) que se pretende comédia moralista. Com o seu habitual euforismo, o resultado é fraco.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> No <i>silly state</i> da Florida, um poeta de má vida e pobre, Moondog/Matthew McConaughey, casado com uma mulher rica, Minnie/Isla Fisher, perde esta num acidente de viação. No testamento ela deixa-lhe uma fortuna no caso de ele publicar um romance <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">de sucesso.</span></span> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="The Beach Bum Photo" class="img-responsive" height="212" src="https://static1.tribute.ca/gallery/120x64/the-beach-bum-136262.jpg" width="320" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com a filha, Heather/Stefania LaVie Owen a querer que ele se submeta a desintoxicação e reabilitação, ele foge para regressar à boa vida com o amigo Lingerie/Snoop Dog e continuar a escrever. Até que um livro de poemas seu é premiado.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tratada em tom de comédia, a ideia do poeta fora do sistema e contra ele é boa e funciona limitadamente como parábola num filme muito <i>silly</i>. Obra de adolescente, que o realizador continua a parecer.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Contando com argumento de Harmony Korine, fotografia de Benoit Debie, música de John Debney e montagem de Douglas Crise, está longe de convencer mas percebe-se no actual momento político americano, em que vale tudo. O cineasta precisa de crescer e deixar filmes frágeis embora bem intencionados para fazer coisas mais sérias e sólidas, pois mesmo como realizador ainda não ultrapassou a incipiência satisfeita, aliás com muitos fãs sobretudo adolescentes. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-69118159915416340832019-05-22T22:50:00.001+01:002019-05-22T22:50:30.038+01:00Pura beleza<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Três Rostos"/"Se rokh" é o mais recente filme de Jafar Panahi (2018), um realizador iraniano impedido de sair do seu país que mesmo assim tem conseguido continuar a trabalhar e a fazer os seus filmes saírem para o mundo. O que é muito bom porque nos permite conhecê-los.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Aqui uma jovem que quer estudar no conservatório em Teerão para ser actriz, Marziyeh Rezaei, abre o filme com um apelo dramático num vídeo enviado por telemóvel ao cineasta. Vai ser a companheira dele, Bahnaz Jafari, actriz muito conhecida, a insistir em que partam na demanda da autora do apelo desesperado.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="Trailer português do filme 3 Rostos" class="lazy aligncenter size-full wp-image-77210 disappear mom_appear lazy-loaded" data-lazy-sizes="(max-width: 745px) 100vw, 745px" data-lazy-src="http://filmpt.com/wp-content/uploads/2019/05/Trailer-do-filme-3-Rostos.jpg" data-lazy-srcset="https://filmpt.com/wp-content/uploads/2019/05/Trailer-do-filme-3-Rostos.jpg 745w, https://filmpt.com/wp-content/uploads/2019/05/Trailer-do-filme-3-Rostos-205x107.jpg 205w" data-lazy-type="image" src="http://filmpt.com/wp-content/uploads/2019/05/Trailer-do-filme-3-Rostos.jpg" height="209" width="400" /> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O filme vai descrever o percurso de carro até aí chegarem, cheio de episódios pitorescos, alguns dramáticos, como o dos camponeses que se afastam quando percebem que não vêm ajudá-los, outros caricatos, como o do touro das bolas dde ouro. Já na ponta final o encontro com a rapariga por intermédio da amiga dela Maedeh Erteghaei, juntamente com a referência à velha actriz e cantora de antes da revolução que vive isolada e será, vista à distância enquanto pinta, o terceiro rosto, invisível.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com grande sobriedade, o cineasta segue um caminho de inspiração em Abbas Kiarostami </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> - o do suicídio, </span></span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">o do percurso, </span></span></span></span>o do enquadramento com aberturas rasgadas nas casas -</span></span>, inteiramente transformada mas reconhecível na própria simplicidade e subtileza do filme, que termina também ele em plano fixo sobre a estrada serpenteante.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tem argumento do cineasta e Nader Saeinar distinguido em Cannes 2018, fotografia de Amin Jafari e montagem de Mastaneh Mohajer e Panah Panahi. Um grande filme com tratamento diferenciado da imagem, que inclui reflexos, cenas nocturnas e uma ou outra desfocagem do fundo, que não dispensa uma referência à situação do cineasta no seu país. Aqui o recomendo. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-39221280651041005462019-05-18T15:00:00.001+01:002019-05-18T15:00:47.880+01:00Das primeiras<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Doris Day (1922-2019) contracenava com Clark Gable em "Amor de Jornalista"/"Teacher's Pet" de George Seaton (1958), que foi um dos primeiros filmes que vi e não mais esqueci.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <img alt="doris day james stewart o homem que sabia demais" class="no_lazy" height="217" src="https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2019/05/13114220/doris-day-james-stewart-o-homem-que-sabia-demais.jpg" width="400" /> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Especializou-se na comédia romântica ligeira dos anos 50 e 60 mas Hitchcock escolheu-a para "O Homem Que Sabia Demais"/"The Man That Knew Too Much" (1956), <i>remake</i> de um seu filme inglês de 1934, em que contracenava com James Stewart e cantava "Que sera sera". </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Bonita e expressiva, foi também cantora popular, que foi como começou em 1938 antes de chegar ao cinema em 1948, de que se retirou em 1968 para se dedicar à televisão. Guardo dela uma boa recordação. </span></span></div>
<span class="description"> </span>Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-33450461643291755782019-05-16T21:50:00.001+01:002019-05-16T21:50:24.371+01:00O jogo do galo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Clash"/"Eshtebak", a segunda longa-metragem do egípcio Mohamed Diab (2016), é um filme terrível e sufocante passado em 2013 com presos no interior de um camião, decorriam os confrontos entre a Irmandade Muçulmana e os militares no Egpto.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tudo começa com a prisão de dois jornalistas americanos mas depois vão-se-lhes juntando membros e não membros daquela irmandade. Num espaço reduzido, em tentativa de diálogo com os militares, a situação dos presos torna-se penosa e aflitiva.</span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="" class="alignnone wp-image-23840" height="217" src="https://www.filmink.com.au/wp-content/uploads/2017/03/Clash-pic-1-300x163.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Uma criança descobre numa parede os riscos do jogo do galo, o que contribui para amenizar entre vizinhos e conhecidos que nem sempre se dão bem. Entre os presos há duas mulheres, uma enfermeira e a outra mais jovem, religiosa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Sem espaço para o qual se expandir, o filme concentra-se no interior, para o final em movimento, e nas esperanças efémeras de libertação. Tem argumento de Khaled Diab e Mohamed Diab, fotografia de Ahmed Gabr, música de Khaled Dagher e montagem de Ahmed Hafez. A realização, muito boa, explora o espaço concentracionário sem dele sair e os actores são excelentes.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> É um bom filme dramático, violento, não aconselhável e pessoas sensíveis e passou na noite de ontem no <i>Arte</i>. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-40508295193931651522019-05-16T20:21:00.000+01:002019-05-16T20:21:10.919+01:00Três irmãos<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">"Une maison sans toit"/Haus Ohne Rach" da alemã de origem curda Soleen Yusef (2016) é um primeiro filme com interesse, um <i>road movie</i> sobre três irmãos que querem levar a mãe morta para o seu Curdistão iraquiano natal, para ser aí inumada junto do seu falecido marido, pai deles.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Só um dos filhos sabe desde o início, como os seus tios e primos maternos sabem, que o pai deles tinha sido um traidor ao serviço de Sadam Hussein, com cujo regime colaborara, o que leva a família da falecida a opor-se ao projecto no próprio terreno curdo, ameaçado pelo DAESH.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="" class="" height="400" src="https://www.crew-united.com/Media/Images/718/718337/718337.entity.jpg" title="" width="283" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Há um taxista atrevido, desavenças e acusações mútuas entre os três irmãos, que mantêm, porém, o seu objectivo e após muitos esforços, com momentos hilariantes e absurdos à mistura acabam por convencer quem na família materna se lhe opunha e levar por diante o que pretendiam.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Simples e bem feito, com atenta, variada e rica composição visual e também sonora, tem argumento da realizadora, fotografia de Stephan Burchardt e montagem de Hannes Bruun, sem música a não ser diegética - do leitor de cassetes do taxista. Passou na semana passada no <i>Arte</i> e deixa boa impressão sobre Soleen Yusef, que desde então se tem dedicado à televisão. </span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2779510021418382423.post-63292240482861500082019-05-15T15:29:00.001+01:002019-05-15T15:29:23.205+01:00Novo e inventivo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Depois de "O Polícia"/"Ha-shoter" (2011) e "The Kindergarten Teacher" (2014), que tinham chamado internacionalmente a atenção para ele, o israelita Navad Lapid estreou "Sinónimos"/"Synonymes" (2018), Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim deste ano.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> É um filme duro e estranho, de inspiração auto-biográfica, sobre um israelita que, cumprido o serviço militar em Israel, vai para Paris onde espera encontrar o que ambiciona. Durante a sequência de abertura, em que se descobre nu num apartamento deserto, Yoav/Tom Mercier encontra ou é encontrado por dois parisienses, Emile/Quentin Dolmaire e Caroline/Louise Chevillotte, <span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">que o salvam e passam a ajudá-lo.</span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Emile pretende ser escritor mas não passa da página 42 do seu livro e Yoav cede-lhe pequenas histórias suas, escritas na sua terra. O primeiro fala ao segundo de um presente em que se esgotaram as perversões e ambos têm um encontro musical de sedução, notável. </span></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por
entre alusões à Guerra de Tróia e à extrema direita francesa armada,
Yoav vai-se desembaraçando em França com o seu dicionário de sinónimos francês, sempre à procura de palavras próximas, não sem algum
desajustamento que, depois da sessão fotográfica, desemboca na sua
aprendizagem de francês por ter casado com Caroline e na subsequente
revolta dele quando interrompe um concerto. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span></span><img alt="" class="alignnone size-full wp-image-1579" src="http://laboratoriopop.com.br/wp-content/uploads/2019/02/0-0-0-0-000-Nadav-Lapid-Synonymes.jpg" height="400" width="293" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O filme termina com Yoav a tentar arrombar a porta do apartamento daqueles que o tinham acolhido, onde tinha começado, não sem que antes Yaov exija de Emile a devolução das histórias que lhe oferecera.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Tem grande inventiva visual e sonoro, com planos espantosos do protagonista a caminhar pelas ruas de Paris de cabeça baixa, com composição colorida e figurativa dos planos e com uma dinâmica que permite acompanhar o movimento constante de Yoav, o que ele diz e o que lhe acontece.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> De uma rara violência comprimida que no final explode, "Sinónimos" é um belo filme muito físico, intenso e provocador, que nos desinquieta do nosso conformismo instalado. O <i>plongé</i> do protagonista sozinho à noite frente a Notre Dame de Paris é muito bom e elucidativo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Com excelente, não-convencional e inventivo uso da linguagem do cinema, tem argumento de Navad Lapid e Haim Lapid, fotografia de Shai Goldman e montagem de Neta Braun, François Gedigier e Era Lapid a quem é dedicado, sem música que não seja dirgética. Os actores são notáveis, com destaque para Tom Mercier.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> "Sinónimos" de Navad Lapid é grande, raro cinema, em que o espectador tem de se dispor a participar para o completar na sua plenitude. Se o fizer perceberá a crítica do filme do sionismo agressivo e de um liberalismo passivo e vulnerável, por Yoav aproximados e tomados como equivalentes. O júri de Berlim, presidido por Juliette Binoche, não se enganou. Tem estreia em Portugal marcada para amanhã, quinta-feira.</span></span></div>
Carlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.com0