terça-feira, 30 de outubro de 2018

Uma boa notícia

   Ainda antes do final de mais uma época em cheio, ao volande de um Mercedes o britânico Lewis Hamilton garantiu já o seu quinto campeonato do mundo de Formula 1, igualando assim o número de títulos do lendário Juan Manuel Fangio e ficando a curta distância do máximo de Michael Schumacher, que está ao seu alcance.
                      
   Para mim, que sou apreciador desta difícil e arriscada modalidade desportiva que exige grande perícia, reflexos apurados e nervos de aço, é uma boa notícia sobre um grande campeão que admiro e respeito numa altura em que elas, as boas notícias, escasseiam.
   Sem festejar o Halloween nem os blockbusters nem os super-heróis americanos nem a cultura do shopping, aqui me congratulo e o felicito por mais este triunfo, enquanto lhe desejo novos grandes sucessos como este para o futuro (ver "The next big thing", de 9 de Outubro de 2017).

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Um clássico revisitado

   "Hondo", de John Farrow (1953), com argumento de James Edward Grant baseado em história de Louis L'Amour, era até agora um western mais, entre muitos, com John Wayne. Eis senão quando o Arte o apresenta como tendo sido em parte da responsabilidade de John Ford, nome maior do género na época clássica, o que está estabelecido desde o final do século passado, e tudo muda de figura.
    História de um homem solitário acompanhado de um cão que viveu entre os índios, toma sob a sua protecção uma mãe e o seu filho assediados pelos apaches, mata o marido dela para se defender, ocupa o luger dele e os acompanha na fuga aos índios, tem o seu segmento final, do ataque à caravana, atribuído a John Ford a convite do actor, também produtor. Este um filme muito bom, lendário, que agora a creditação parcial a Ford engrandece
                      HONDO
    Na obra deste é do mesmo ano de "O Sol Nasce Para Todos"/"The Sun Shines Bright" e pode ver-se que antecipa os seus grandes filmes com índios, "A Desaparecida"/"The Searchers" (1956) e "Terra Bruta" ("Two Rode Together" (1961), que haviam de complexificar uma questão, a da relação com eles, aqui ainda simples no seu tratamento embrionário na primeira metade dos anos 50, em que se iniciou com "A Flecha Quebrada"/"Broken Arrow", de Delmer Daves (1950).
    Sem outras considerações especiais além das interpretações de John Wayne como Hondo Lane e Geraldine Page como Angie Lowe, Ward Bond como Buffalo Baker, Michael Pate como Vittorio e James Arness como Lennie, até pela sua duração o filme releva também da economia de meios da série B, que tão importante foi na época. E a complexificação do lado dos brancos é, ela também, um elemento a reter, muito usado na época e aqui muito bem explorado.
    Com restauro a seguir a restauro, "Hondo" de John Farrow e John Ford é um excelente filme a ver ainda hoje com o maior interesse. Há no cinema clássico americano, até aos anos 50 do século XX e em especial durante essa década, muita coisa que, como este filme, merece ser conhecida e que em parte o Arte vem mostrando de forma sistemática. 









sábado, 27 de outubro de 2018

Contraste e conflito

  "Baltimore Rising" de Sonja Sohn (2017), actriz nomeadamente de "The Wire", série televisiva passada naquela cidade, é um documentário feito em cima de acontecimentos lamentáveis e dolorosos ocorridos em 2015.
   Na sequência da morte de Freddie Gray quando à guarda da polícia, desencadearam-se violentos motins na cidade que puseram a comunidade negra em confronto com as autoridades, após o que se verificaram tentativas de apaziguamento envolvendo líderes locais, activistas e gangs, lideradas por um novo comissário de polícia. Entretanto iniciaram-se os julgamentos dos agentes envolvidos, que iriam uns a seguir aos outros ser julgados inocentes pelo tribunal.
                        http://www.blackfilm.com/read/wp-content/uploads/2017/11/Baltimore-Rising.jpg 
    A história é conhecida porque foi noticiada na altura e o mérito deste filme, que gerou controvérsia nos Estados Unidos, é acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, com especial atenção para alguns membros da comunidade negra. Assim, em discussões e debates são apontadas algumas das causas da situação presente, que passam por pobreza, desemprego, armas que todos têm, droga e efectivo racismo.
     A intervenção posterior do Departamento da Justiça veio clarificar algumas questões, o que é referido no final de um filme desigual, especialmente interessante quando nos dá as discussões em que a raiva e a impotência caminham lado a lado com a vontade de fazer alguma coisa para reagir.
     Documentando empenhadamente e sem distãncia uma situação particular numa cidade mítica, este "Baltimore Rising" permite em todo o caso pensar a situação americana actual que, com casos consecutivos deste e doutro tipo, em tempos recentes se tem mostrado gravíssima. Mesmo que esses sejam os seus únicos méritos são por si mesmos suficientes para justificar este filme, tanto quanto sei inédito comercialmente em Portugal.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Glória do documentário


    "11X14" é a primeira longa-metragem do documentarista americano James Benning (1977), um filme de precisão e rigor que respira entrecortadamente ao ritmo de planos curtos, planos médio-longos e alguns muito longos de uma América interior à deriva, pobre e decadente mas humana.
    Com um título que alude ao seu rácio, este filme, hoje um clássico do documentário moderno e do seu autor, conta com alguns planos muito longos, de que destaco no início um travelling para a frente de um comboio em movimento, mais adiante um travelling para trás de um camião que avança na direcção da câmara, já próximo do fim um longo plano fixo de um casal deitado numa cama e um plano muito longo de uma chaminé a deitar fumo. Refiro-o à cabeça porque foi muito nesta direcção que a obra de James Benning evoluiu, como se pôde constata na retrospectiva que a Cinemateca Portuguesa lhe dedicou há poucos anos.                
                     
    Mas a composição geral do filme é na horizontal, na largura do ecrã, surpreendendo e mesmo acompanhando carros em movimento ou seguindo espaços em travelling lateral em planos de duração variável, captando personagens e micro--paisagens americanas, lojas, restaurantes e motéis com os seus reclames luminosos, casas e armazéns mas também campo aberto de terra e surpreende com dois planos belíssimos de aviões em voo próximo, que se vêm juntar a planos das nuvens e do céu.
    Com um equilíbrio notável, o filme joga além disso com interiores, como no plano abissal sobre uma parede branca marginada de um lado pela fotografia de um homem morto e do outro pelo braço de um homem vivo. Mas há ainda um casal em casa, nomeadamente na cozinha, com a exploração desses interiores, e então usa com pertinência a profundidade de campo .
                     À la télé ce soir: La Corde du diable
    Este um filme excelente que acaba por rimar com "La corde du diable", de Sophie Bruneau (2014), que passou na semana passada no Arte, que faz a história do arame farpado de ferro inventado nos Estados Unidos no final do século XIX e que hoje continua a ser usado nomeadamente na vigilância e no controlo e até como objecto de culto para coleccionadores. Os testemunhos neutros são apaixonantes.
    Muito bem ligado à história americana e ao presente da América, este filme muito bom, que revela a influência de Chatal Akerman em planos fixos e longos, termina com o depoimento de um índio junto da fronteira mexicana em que ele explica como os imigrantes vindos do sul não têm hipótese de sobreviver no deserto com aquele calor, acabando todos por morrer por desidratação a poucas centenas de quilómetros da fronteira.
    O filme de Benning, disponível na internet, foi recuperado agora em Viena, Áustria, e passou ontem na presença do realizador no Doclisboa, que hoje mostrou os seus filmes mais recentes, enquanto o filme da documentarista franco-belga continua disponível no site do Arte se tiverem sorte no país em que habitam.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Convite geral


                                             
                                  




sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Filme negro

  "Suburbicon" de George Clooney (2017) beneficia muito do argumento em que participam Joel e Ethan Coen ao lado de Grant Heslov e do realizador, o que lhe dá o carácter de impiedoso filme negro. E o subúrbio dos anos 50 de que trata é a América actual.
  Construído a par e passo desde a morte de Rose/Julianne Moore, mulher de Gardner/Matt Damon, mãe de Nicky/Noah Jupe e irmã de Margaret/Julianne Moore e Mitch/Gary Basarado, no ninho da família deixa a pouco e pouco perceber o que de facto aconteceu e prepara com o que lhe sucede, aquilo que vai acontecer, antecipando-lhe os sinais.
                       http://www.arrobanerd.com.br/wp-content/uploads/2017/12/suburbicon-bem-vindos-ao-paraiso-critica.jpg
      Muito na linha dos Coen temática e narrativamente, o filme situa-se também na obra de George Clooney-cineasta pela sua visão implacável da América. E aqui o que está em causa é o racismo, com muro e tudo, e o enriquecimento a qualquer preço, mesmo sob as proclamadas melhores intenções. Aliás, os protagonistas mostram uma burrice exemplar no que fazem perante os executores com sabor de opereta.
      Como no melhor cinema americano acontece, a realidade não coincide com as aparências mas é através do que é mostrado delas que podemos aceder ao que as personagens são, na verdade querem e significam. Será isso mesmo parte da inteligência estúpida e da estupidez inteligente de que os Coen têm falado recorrentemente nos seus filmes e Clooney, que tem trabalhado com eles, aqui retoma.
     O filme beneficia muito das interpretações, da realização, da fotografia de Robert Elswit, da música de Alexander Desplat e da montagem de Stephen Merrion. Mas é na sua construção narrativa e fílmica, que desafia a passividade do espectador, que tem o seu melhor. Isto muito embora a visível intenção subjacente ao filme limite o seu alcance.

domingo, 7 de outubro de 2018

Reduzidos

    "Pequena Grande Vida"/"Downsizing" (2017) é a oitava longa-metragem de Alexander Payne", conhecido desde "As Confissões de Schmidt/"About Schmidt" com Jack Nicholson (2002) e uma figura destacada do cinema americano. Entre os seus filmes contam-se ainda "Sideways" com Paul Giamatti (2004), "Os Descendentes"/"The Descendants" com George Clooney (2011) e o mais recente "Nebraska" com Bruce Dern (2013), até agora o seu melhor.
                      
   Contando com precedentes no cinema americano, a ideia de reduzir personagens a uma dimensão menor é aqui utilizada com justificações "científicas" e no argumento do cineasta e Jim Taylor são utilizadas, ligadas e desenvolvidas algumas questões que se encontram dispersas no mundo da ciência. Sublinhe-se que a aceitação de Paul Safranek/Matt Damon e Audrey Safranek/Kristen Wig de entrarem no programa é motivada por razões económicas, com a promessa de uma vida mais barata e melhor, também benéfica para o ambiente.
   Com indiscutível valor crítico, que no mundo reduzido as personagens do sérvio Dusan Mukovic/Christoph Waltz e da vietnamita Ngoc Lan Tran/Hong Chau ampliam, mesmo com o seu final moralista e até por causa dele não ultrapassa o que se chamou em tempos o "filme com mensagem" ou "filme de tese" devido a querer demonstrar uma premissa que as personagens, unidimensionais, ilustram - o que, note-se, é muito usado do cinema americano actual
                      Downsizing
    Certo, todos os mundos se equivalem, o normal, o reduzido, afinal distópico e o de preservação proposto no final, de modo que é preferível ficar onde se está melhor e com quem se está melhor. Mas para comunicar isso bastava escrever um mail ou um twitter.
    Num cineasta que nos habituou a filmes mais reflexivos do que activos, este "Pequena Grande Vida" faz sentido como parábola ambiciosa mas deixa muito a desejar como filme. Insólito, conta com bons efeitos digitais e boas interpretações, aliás muito facilitadas pelo argumento e a realização e que são uma constante dos filmes do autor.
    A fotografia é de Phedon Papamichael, a música de Rolf Kent e a montagem de Kevin Tent. Quanto a Alexander Payne, também produtor com Mark Johnson e Jim Taylor, é um cineasta sério e capaz que certamente vai sair dos limites e lugares-comuns deste filme estimável mas menor apesar da sau ambição, longe em todo o caso de ser o melhor do ano, como escreveu o Hollywood Reporter. Mas que de facto contrasta pela positiva com a maioria do cinema americano, o que fala em seu favor.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Contra ventos e marés

  Baseado na vida dos pais do realizador, a quem é dedicado, "Cold War - Guerra Fria"/"Cold War"/"Zimna wojna" de Pavel Pawlikowski (2018) é um filme ao jeito do anterior "Ida" (2013), num preto e branco e num formato exigentes.
  Com argumento do cineasta e Janusz Glowacki com a colaboração de Piotr Borkowski, trata dos amores e desencontros de Zula/Joanna Kulig e Wiktor/Tomasz Kot a partir de 1949 desde a Polónia mas com evoluções no exterior, em Berlim, na Jugoslávia e em Paris.
                     
      Numa relação estabelecida a partir da música, do canto e da dança, as separações forçadas dos dois implicam outros caminhos de cada um deles até ao reencontro final, de novo na sua terra. 
     "Cold War - Guerra Fria" é um filme de emoção contida e subtileza sobre "quatro olhos e dois corações" que vivem muito tempo separados sem se esquecerem um do outro. Com singeleza, a narrativa avança de forma clara e causal, num tempo difícil para os polacos, para a Europa e para o mundo, com explicitação clara do que estava então em causa politicamente.
    Sem música que não seja diegética, tem fotografia de Lukasz Zal, que em geral quebra a profundidade de campo e montagem de Jaroslaw Kaminski. Pavel Pawlikowski é um cineasta muito bom, a reter e acompanhar no cinema polaco e no actual panorama do europeu.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Charles Aznavour (1924-2018)

    De origem arménia, foi um cantor e compositor mítico e um actor de cinema carismático nomeadamente em "Tirez sur le pianiste" de François Truffaut (1960) e "Os Fantasmas do Estrangulador"/"Les fantômes du chapelier" de Claude Chabrol (1982), já neste século em "Ararat" de Atom  Egoyan (2002), entre muitos outros filmes franceses e internacionais. 
     Voz romântica de canções românticas, esteve à altura dos melhores do seu tempo, Jacques Brel, Georges Brassens, Léo Ferré, impondo a sua figura característica e a sua voz excepcional.  
                         1982 : "Les Fantômes du chapelier" de Claude Chabrol
    Comecei a ouvi-lo cedo e nunca mais o esqueci, sobretudo depois de "Tirez sur le pianiste", um dos filmes mais importantes do cineasta e da nouvelle vague francesa Guardo por isso uma recordação muito especial dele, que era muito especial também para os próprios franceses, e por isso me curvo neste momento perante a sua memória.
    Aqui
https://www.letras.mus.br/charles-aznavour/2600/
vos deixo o melhor dele.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Centenário Ingmar Bergman

          

Foi um cineasta fundamental do cinema moderno, que com outros como Roberto Rossellini, Michelangelo Antonioni, Robert Bresson e Jacques Tati inaugurou. Autor de uma obra cinematográfica diversificada mas muito coerente, fundamental, e que também encenou para o teatro, em que começou antes do cinema, e fez filmes para a televisão.
Educado num meio luterano, o que muito o marcou, e influenciado pela filosofia de Sören Kierkegaard, estreou-se no cinema em 1946 com "Crise"/"Kris" mas foi a partir de "Um Verão de Amor"/"Sommarlek" (1951) e de "Mónica e o Desejo"/"Sommaren med Monika" (1953) que começou a ser conhecido e reconhecido internacionalmente. Numa primeira parte a sua obra é influenciada pelo "realismo poético" de Marcel Carné e vai até "Noite de Circo"/"Gycklarnas afton" (1953). Mas desde 1944 trabalhou também como argumentista em filmes de Alf Sjöberg e Gustaf Molander. 
A seguir iniciou uma nova fase que vai de filmes sobre o amor a filmes de inspiração metafísica (o silêncio de Deus), de filmes sobre mulheres a filmes voltados para o passado, do drama à comédia. Avultam nos anos 50 "O Sétimo Selo"/"Det sjunde inseglet" (1957) e "Morangos Silvestres"/"Smultronstället" (1957), depois "A Fonte da Virgem"/"Jungfrukällan" (1960) antes da trilogia "Em Busca da Verdade"/"Säsom i en spegel" (1961), "Luz de Inverno"/"Nattvardsgästerna" e "O Silêncio"/"Tystnaden" (1963), seguida de "A Máscara"/Persona" (1966). 
A este segue-se uma série de grandes filmes de que destaco "Lágrimas e Suspiros"/"Viskningar och rop" e "Cenas da Vida Conjugal"/"Scener ur ett Äktenskap" (1973) e "Sonata de Outono"/"H]ostsonaten" (1978) numa fase mais contemporânea sobre a solidão humana, a relação entre os sexos, a família, o amor e a morte, que vai culminar em "A Flauta Mágica"/"Trollflöjten" (1975) e "Fanny e Alexandre"/"Fanny och Alexander" (1983), de carácter auto-biográfico, e em "Depois do Ensaio"/"Efter repetitionen (1984). Anunciou então que se retirava do cinema, o que, porque pouco comum foi inesperado. Continuou a fazer teatro e filmes para a televisão e regressou ainda com "Saraband" (2003).
Descrito muito sumariamente um percurso variado e muito importante sempre ao mais alto nível, há que dizer que se Ingmar Bergman teve várias temáticas recorrentes, entre as quais o conflito de gerações, o conflito entre os sexos e o conflito da vida com a morte, todos eles conflitos centrais que envolvem instintos primordiais, trabalhou e elaborou um estilo pessoal em que sobressaíam o grande-plano, o tratamento do espaço, o trabalho dos actores e os diálogos, primeiro a preto e branco, a partir de 1969, com "A Paixão"/"En Passion" a cores. Fez filmes falados em inglês, "O Amante"/"Beröringen"/"The Lover" (1971) e um filme sobre a guerra, "O Ovo da Serpente"/"Das schlangenre"/"The Serpent's Egg", e sobretudo cada um dos seus filmes, sempre com argumento seu, foi objecto de uma realização depurada e contou sempre com grandes actores. 
                         persona Ingmar Bergman


Para ser ainda mais completo, fez também dois documentários, "Färo-Dokument 1969" e "Farö-Dokument 1979", sobre a ilha em que viveu, enquanto no teatro encenou ao longo da sua vida Shakespeare, Moliére, Goethe, Büchner, Chekhov, Ibsen, Stindberg, Pirandello, Anouilh, Bertolt Brecht, Eugene O’Neill, TennesseWilliams, Albee, Gombrowicz e Botho Strauss entre outros e também peças da sua autoria. 
Destacaram-se ao longo da suaa obra grandes actrizes (Harriet Andersson, Bibi Andersson, Eva Dahlbeck, Ulla Jacobson, Ingrid Thulin, Liv Ullmann, Ingrid Bergman) e actores (Victor Sjöström, ele próprio cineasta do mudo, Max Von Sydow, Gunnar Björnstand, Erland Josephson) e certos colaboradores dos seus filmes como os directores de fotografia Gunnar Fischer e Sven Nykvist. Mas também a música foi importante nos seus filmes, com preferência por Johann Sebastian Bach.
           Pela sua visão sobre o ser humano e as relações entre os humanos foi um cineasta original, audacioso, próximo do existencialismo e em especial de Albert Camus, extremamente importante e influente, que deixou um rasto decisivo na história do cinema e continuadores como, entre outros, Woody Allen. Argumentos seus foram ainda levados ao cinema por Bille August, Daniel Bergman e Liv Ullmann.
           A importância da obra de Ingmar Bergman não se deve apenas ao mito que o rodeou depois de ter anunciado a sua retirada precoce mas ao extraordinário valor humano, dramático e estético de cada um dos seus filmes, que se revêem hoje com a mesma novidade e a mesma frescura que tiveram quando foram estreados, alguns deles obras-primas absolutas do cinema.
          Na passagem do centenário do seu nascimento aqui o recordo e homenageio como cineasta sem medos ou receios, corajoso e desinibido que mostrou até onde o cinema podia chegar até na sua relação com o pensamento, o que explorou largamente com suprema autoridade e grande mestria. Sobre o cineasta cf. em português "A Maldade no Cinema de Ingmar Bergman, de António Júlio Rebelo (Lisboa: Edições Colibri, 2015). 

(Escrito para o 10º aniversário de Cinema 7ª Arte, aqui
https://www.cinema7arte.com/
com os meus parabéns)