domingo, 28 de julho de 2019

Carlos Melo Ferreira: falecimento

Lamentamos informar que Carlos Melo Ferreira faleceu no hospital, no dia 27/07/2019.
O corpo estará depositado na capela mortuária da Igreja de São João de Deus, em Lisboa, a partir das 18h de 29/07/2019 (segunda feira).
Na terça feira, dia 30/07/2019, haverá uma missa às 10h seguindo-se o funeral às 11h para o cemitério o Alto de São João, em Lisboa, onde o corpo será cremado.

Deolinda Freitas (esposa)
André Ferreira (filho) 

quarta-feira, 10 de julho de 2019

João Gilberto (1931-2019)

   Foi o grande inventor da Bossa Nova como cantor, músico e compositor, um tipo de música que se internacionalizou e o tornou mundialmente conhecido e admirado em língua portuguesa. Inspirando-se no jazz, que também influenciou, e na música moderna brasileira, que ajudou a criar com António Carlos Jobim, João Gilberto revelou um talento extraordinário, que o fez merecer o sucesso que teve. 
                          
   A fama chegou-lhe nomeadamente através de  "Chega de Saudade" e "Bem Bom" e os seus méritos, a sua batida e a sua voz, foram muito importantes para o aparecimento da música popular brasileira. Emocionado, aqui me curvo sentidamente perante a sua memória.

sábado, 6 de julho de 2019

Pior não é possível

   "A Revolução Silenciosa"/"Das schweigende Klassenzimmer", de Lars Kraume (2018), com adaptação dele de um livro de Dietrich Garstka, é um filme baseado em factos reais que decorree na Alemanha de Leste em 1956, ano do levantamento de Budapeste, na Hungria, esmagado pelas forças soviéticas.
    Numa turma do ensino secundário em que se contam as presenças de Theo Lemke/Leonard Scheicher, Kurt Wachter/Tom Gramenz, Lena/Lena Klenka, Paul/Isahia Michalski e Erik Babinsky/Jonas Dassler, é decidido comprir numa aula dois minutos de silêncio pelos húngaros em luta, do que os alunos têm conhecimento por uma rádio americana.
    Numa escalada tremenda, que chega a levar à presença do Ministro da Educação Leste alemão, sucedem-se os interrogatórios cerrados sobre a causa e a iniciativa do protesto, que acabam por deixar Erik à margem do resto da turma, ele que vem a saber entretanto do verdadeiro destino do seu pai, morto no final da II Guerra Mundial - o que é acompanhado pela revelação a Theo e a Kurt do passado dos respectivos progenitores.
                                     
   Colocados uns contra os outros, os alunos adolescentes acabam todos por se acusar a si próprios pela origem do  protesto, pelo que são todos expulsos, a maioria resolvendo então partir para a Alemanha Ocidental, pois, dizem, "pior que isto não é possível".
   Libelo terrível contra um regime de terror e opressão até dos mais novos, este filme de Lars Kraume permite uma divulgação maior que a do livro em que se inspira dos tremendos dilemas morais, que passam pela delação, colocados pelas autoridades Leste alemãs aos mais novos, dilemas que nem aos adultos devem ser colocados. Tanta prepotência para acabarem em pouco mais de três décadas.
   Com realização muito boa de um homem que tem trabalhado para o cinema e para a televisão, tem excelentes interpretações, fotografia de Jens Harant, música de Christoph Kaiser e Julian Maas e montagem de Barbara Gies. Passou ontem à noite na RTP2.

terça-feira, 2 de julho de 2019

O melhor

    António Manuel Hespanha (1945-2019) foi um jurista e historiador eminente, homem de grande saber e cultura com uma vasta obra publicada sobre História, Direito e Ciência Política e um ensino de grande qualidade na Universidade de Coimbra e na Universidade Nova de Lisboa, de que foi professor catedrático. Foi Investigador Honorário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e docente de outras instituições do Ensino Universitário.
                        Morreu o historiador António Manuel Hespanha
   Tendo-se ocupado, numa obra muito extensa e rica, entre outros assuntos da história dos descobrimentos, notou neles a ausência sistemática dos descobertos, do "outro lado", o das populações indígenas, que eles afectaram. Foi o melhor na sua área científica, em que deixa discípulos e influências. A comunidade científica perde com a sua morte uma das suas figuras mais destacadas

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Ainda de pé

  Não sendo fã do rock, tive curiosidade em ver "Rocketman", de Dexter Fletcher (2019), uma biografia de Elton John/Taron Egerton em adulto, cuja carreira segui por alto.
  Como pontos mais destacados do seu percurso o encontro com Bernie Taupin/Jamie Bell, letrista e grande amigo, e o encontro com John Reid/Richard Madden, que depois de seu amante se vai tornar um agente possessivo e difícil. 
   Bem construído em flash-back do protagonista, o filme é suposto contar a verdadeira história de Elton, produtor executivo. Acompanha-o desde uma infância problemática por causa dos pais até à cura de desintoxicação a que se submeteu há 28 anos.             
                                         
   Foi uma vida turbulenta e instável até essa altura, que mesmo assim lhe permitiu romper e singrar num meio difícil e ingrato em que é conveniente não cometer erros, o que ele acumulou. A dificuldade da descoberta da sua homossexualidade na época acabou por fazê-la reverter em benefício da sua arte e da sua identidade.
  A realização puxa para o musical no seu melhor e é correcta e funcional para um filme institucional. Quero com isto dizer que tem explosões de energia e de interesse mas não chega a soltar-se. O argumento é de Lee Hall, a fotografia de George Richmond, a música de Matthew Margeson e a montagem de Chris Dickens.
   "Rocketman" é uma boa biografia ficcionada de um grande compositor e cantor que marcou o seu e o nosso tempo, tornando-se uma vedeta milionária, conhecida e respeitada em todo o mundo.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Actriz francesa

    Edith Scob (1937-2019) foi uma actriz francesa de rosto e figura singulares, que se distinguiu desde os seus inícios no cinema com cinco Georges Franju nos anos 50/60 e teve depois uma carreira longa em que me compete destacar "A Via Láctea"/"La voie lactée" de Luis Buñuel (1969), "Casa de Lava", de Pedro Costa (1994), "Tempos de Verão"/"L'heure d'été" de Olivier Assayas (2008), cinco filmes de Raul Ruiz e "Holly Motors", de Leos Carax (2012).
                     Le cinéma français pleure la disparition d’Edith Scob: grand second rôle, elle est décédée à l’âge de 81 ans
    Beleza atraente e estranha, foi uma grande actriz de quem vou sentir muito a falta, pois era uma figura emblemática do cinema contemporâneo, à qual o cinema francês muito ficou a dever.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Génio

   "Os Olhos de Orson Welles"/"The Eyes of Orson Welles" do historiador inglês do cinema Mark Cousins (2018) é um bom filme biográfico que percorre a vida e a actividade do genial cineasta americano a partir de imagens e sons de arquivo, que a voz do realizador e argumentista anima ao comentar.
   Dividido em capítulos, chama em especial a atenção para os desenhos de Welles, actividade menos conhecida e muito reveladora apesar de tudo aquilo que o autor destruiu. Na sua vida privada são focados os aspectos mais importantes, nomeadamente das influências materna e paterna, das viagens que fez e de amores e casamentos, também de posições políticas.                 
                       
   Da obra é dado o devido destaque ao que fez para rádio, teatro e televisão, fora dos lugares comuns, com sons e imagens de arquivo de que destaco o seu "King Lear" live para a televisão nos anos 50, e da obra para cinema é devidamente realçado cada filme, cena a cena, no conjunto de uma obra muito importante, com o devido enquadramento teatral, artístico, pictórico, também cinematográfico, para os filmes shakespearianos e o filme kafkiano em especial.
    É possível fazer a história do cinema em termos não literários mas cinematográficos, como Mark Cousins já tinha feito em "A História do Cinema: Uma Odisseia"/The Story of Film: An Odyssey " (2011) e aqui exuberaqntemente confirma. 
   Deste filme sobre um génio trabalhado, mal amado e hoje em dia mal conhecido, decorre que a história do cinema pode ser leve, clara e divertida, como os tempos de hoje exigem, não algo de compacto e maçador.