"A Revolução Silenciosa"/"Das schweigende Klassenzimmer", de Lars Kraume (2018), com adaptação dele de um livro de Dietrich Garstka, é um filme baseado em factos reais que decorree na Alemanha de Leste em 1956, ano do levantamento de Budapeste, na Hungria, esmagado pelas forças soviéticas.
Numa turma do ensino secundário em que se contam as presenças de Theo Lemke/Leonard Scheicher, Kurt Wachter/Tom Gramenz, Lena/Lena Klenka, Paul/Isahia Michalski e Erik Babinsky/Jonas Dassler, é decidido comprir numa aula dois minutos de silêncio pelos húngaros em luta, do que os alunos têm conhecimento por uma rádio americana.
Numa escalada tremenda, que chega a levar à presença do Ministro da Educação Leste alemão, sucedem-se os interrogatórios cerrados sobre a causa e a iniciativa do protesto, que acabam por deixar Erik à margem do resto da turma, ele que vem a saber entretanto do verdadeiro destino do seu pai, morto no final da II Guerra Mundial - o que é acompanhado pela revelação a Theo e a Kurt do passado dos respectivos progenitores.
Colocados uns contra os outros, os alunos adolescentes acabam todos por se acusar a si próprios pela origem do protesto, pelo que são todos expulsos, a maioria resolvendo então partir para a Alemanha Ocidental, pois, dizem, "pior que isto não é possível".
Libelo terrível contra um regime de terror e opressão até dos mais novos, este filme de Lars Kraume permite uma divulgação maior que a do livro em que se inspira dos tremendos dilemas morais, que passam pela delação, colocados pelas autoridades Leste alemãs aos mais novos, dilemas que nem aos adultos devem ser colocados. Tanta prepotência para acabarem em pouco mais de três décadas.
Com realização muito boa de um homem que tem trabalhado para o cinema e para a televisão, tem excelentes interpretações, fotografia de Jens Harant, música de Christoph Kaiser e Julian Maas e montagem de Barbara Gies. Passou ontem à noite na RTP2.