Este é o título da mais completa exposição do artista plástico e escritor Álvaro Lapa (1939-2006), patente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves até 13 de Maio próximo.
Artista pleno, autodidacta como se definia, cruzou a pintura e o desenho com a literatura e a filosofia de uma forma muito pessoal, inspirada e original. De facto, em vários dos seus quadros, como nos seus livros a palavra, em forma narrativa ou aforística, literária ou filosófica, tem o seu lugar, como outras linhas e traços. Questionou-se e questionou-nos sobre as problemáticas centrais do ser humano com uma grande audácia formal, surrealista, e um grande espírito experimental, lúcido e fino.
Na sua abstracção expressiva que cruza formas e mundos, Álvaro Lapa foi uma testemunha descomprometida do seu tempo, fiel a um sentimento pessoal contagioso e de grande alcance. Esta grande e merecida exposição, a maior que lhe foi dedicada até hoje, conta com o mecenato da Fundação EDP e é uma oportunidade única de tomar contacto com a sua obra.
Organizada em séries temáticas, tal como elas foram criadas, abrange toda a sua produção artística desde os anos 50 e poderá permitir não só conhecê-lo a ele mas a segunda metade do século XX português e melhor compreender a arte portuguesa posterior, que ele influenciou. Aconselho vivamente.
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