"Hostis"/"Hostiles",
de Scott Cooper (2017), é mais um western fora do tempo que chama a
atenção para um género clássico há muito dado como findo. Na sua
extemporaneidade, apesar das suas limitações
inevitáveis consegue surpreender por boas razões.
O filme começa com a morte por índios hostis do marido e das filhas de Rosalie Quaid/Rosamund Pike, seguida pela morte e maus tratos de índios pelo exército americano. Em 1892, no Novo México, o Capitão Joseph. J. Blocker/Christian Bale aceita com relutância, como sua última missão de serviço, transportar até ao Vale dos Ursos, no Montana, o Chefe comanche Yellow Hawk/Wes Study, preso há sete anos e muito doente, com um cancro, acompanhado pela família.
Pelo caminho, durante o qual vai perdendo homem atrás de homem, a pequena caravana encontra primeiro Rosalie, perdida e só, depois um outro oficial preso por assassinato, antigo companheiro de armas de Blocker em Wounded Knee, confiado a este no Colorado para o conduzir ao seu destino: a forca.
Com algumas opções de realização surpreendentes, o cineasta recorda em especial "O Grande Combate"/"Cheyenne Automn", de John Ford (1964), presente noutros aspectos como outros cineastas clássicos, em especial Howard Hawks e Raoul Walsh. Acompanhando um percurso lento, feito a cavalo, "Hostis" assume uma lentidão fílmica que o acompanha e deixa fora de campo sequências-chave como a violação de Rosalie e da filha de Yellow Hawk, raptadas, ou a fuga do prisioneiro.
Num filme com muitos diálogos e uma sucessão de memórias e conflitos internos ao grupo, a unidade dos seus elementos, índios incluídos, vai impor-se por proposta do Chefe Cheyenne, doente terminal. No final o grupo de um rancheiro dizima o que sobrara do grupo e é dizimado por este, Rosalie incluída. Só ela, a neta do Chefe Yellow Hawk e Blocker sobrevivem, num final de comboio que parte bem resolvido.
Com argumento, produção e realização de Scott Cooper, que nos dera já "Black Mass - Jogo Sujo"/"Black Mass" (2015), este filme bem calibrado conta com fotografia de Masanobu Takayanagi, música de Max Richter e montagem de Tom Cross, e deixa boa impressão com os seus sucessivos momentos de grande tensão intercalados com outros em que nada acontece e uma narrativa baseada em manuscrito de Donald E. Stewart, que permite situá-lo bem no espaço e no tempo.
Depois de "The Revenant: O Renascido"/"The Revenant", de Alejandro Gonzalez Iñarritu (2015) e de "Os Sete Magníficos"/"The Magnificent Seven", de Antoine Fuqua (2016), é mais um western bem-vindo. Um por ano e viva o velho, que a ética é uma questão difícil na América actual. Mas este é um género do qual não há como revisitar os clássicos, de quando André Bazin o considerou "o cinema americano por excelência".
Depois de "The Revenant: O Renascido"/"The Revenant", de Alejandro Gonzalez Iñarritu (2015) e de "Os Sete Magníficos"/"The Magnificent Seven", de Antoine Fuqua (2016), é mais um western bem-vindo. Um por ano e viva o velho, que a ética é uma questão difícil na América actual. Mas este é um género do qual não há como revisitar os clássicos, de quando André Bazin o considerou "o cinema americano por excelência".
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