quarta-feira, 11 de abril de 2018

Policial de época

      "Memories of Murder"/"Salinui chueok", do sul-coreano Bong Joon-ho (2003), é um excelente filme deste membro destacado do cinema novo do seu país, inédito comercialmente em Portugal e anterior "The Host" e "Mother".
       A partir de argumento de que é co-autor com Shim Sung-ho baseado em peça de Kim Kwang-rim, o cineasta constrói o filme de um serial killer que matou mulheres e as voltará a matar. Dois detectives locais, um robusto e calmo, o outro com tendências mais violentas, a que se junta um terceiro vindo de Seul, mais reflexivo, tentam apanhá-lo.
      Depois de duas suspeitas frustradas e da consulta a uma xamane, a terceira suspeita, que parte de uma canção transmitida num programa radiofónico, "Carta Triste", parece mais segura,, mas acaba por não ser confirmada pelo exame de ADN feito na América.
                      http://cdn23.us1.fansshare.com/photos/memoriesofmurder/memories-of-murder-salinui-chueok-original-uk-quad-poster-korean-film-1776823187.jpg
       Fazendo lembrar "Matou"/"M", de Fritz Lang (1931), com uma canção em vez de um assobio, passado em 1986, no final da ditadura sul-coreana, o filme contém referências à violência das autoridades e aos protestos de populares contra elas.
      O segundo detective, ferido numa perna numa rixa, acaba por ser amputado antes de na linha férrea, à entrada de um túnel, se dar o clímax deceptivo, em que o terceiro detective quase mata o suspeito. No epílogo, bem visto, que como o início fecha sobre o detective e uma criança, no ano do filme o culpado continua ignoto.
       Com fotografia de Kim Hyung-Ku, música de Iwashiro Tarô e montagem de Kim Sun-min, muito bem realizado e interpretado, este o filme que lançou Bong Joon-ho e chamou a atenção para  ele como nome de proa do cinema novo sul-coreano antes de "The Host - A Criatura"/"Gwoemul" (2006), "Mother - Uma Força Única"/"Madeo" (2009) e "Expresso do Amanhã"/"Snowpiercer" (2013). Com os seus polícias confusos e violentos, o seu criminoso desconhecido e sem o conforto de uma solução feliz, é mesmo um dos melhores filmes deste século XXI e o melhor do cineasta até agora.
       Passou na noite de segunda-feira no Arte, no âmbito de um ciclo "Printemps du polar", que aqui aconselho..

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