segunda-feira, 17 de junho de 2019

Voltar ao princípio

   "Foxtrot" é a segunda longa-metragem de ficção do israelita Samuel Maoz (2017), depois de "Líbano"/"Lebanon" (2009), como este um filme muito bom e chocante apesar da sua simplicidade narrativa, que não formal.
    Os primeiros 40 minuitos passam-se entre a chegada ao casal Feldman, Michael/Lior Ashkenazi e Daphna/Sarah Adler, da notícia da morte do seu filho, Jonathan/Yonaton Shiray, a cumprir o servição militar, e a chegada posterior do seu desmentido: quem tinha morrido era outro com o mesmo nome. Logo aí a posição superior da câmara, em plongé, e a sua mobilidade dão conta do esmagamento e da desorientação do pai.                
                       
    No segmento seguinte acompanhamos Jonathan na barreira que vigia no deserto, as conversas sobre a guerra e o passado dele com os seus camaradas, até tudo chegar a um acto precipitado de violência  No terceiro segmento, mais curto, o casal apresenta-se conformado com a morte do filho, que surge no epílogo.
    Com ironia e subtileza, o filme constrói o seu mistério e resolve-o, com a sugestão dos passos de dança. Mantendo a agilidade de câmara apropriada, que não impede que ela se detenha em planos longos, "Foxtrot" não abandona a ideia de fluidez da passagem do tempo e de desnorte que acompanha as suas personagens. E inclui mesmo uma notável cena de animação.
    Com argumento do cineasta, tem fotografia de Giora Bejach, música escassa e muito boa de Ophir Leibovitch e Amat Poznansky e montagem de Arik Lahav-Leibovich e Guy Nemesh. .

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