"Uma Mulher Não Chora"/"Aus dem Nichts"/"In the Fade", de Fatih Akin (2017), cineasta alemão de origem turca, é um belo filme sobre o terrorismo da extrema-direita neo-nazi, renascente e impune na Alemanha como noutros lados.
Dividido em três partes, "família", "tribunal" e "mar", não abandona uma mulher, Katja Sekerci/Diane Kruger, a quem matam o marido, Nuri Sekerci/Numan Acar, de origem curda, e o filho, Rocco/Rafael Santana, num ataque com uma bomba artesanal. Após o grande choque inicial, ela acompanha o seu advogado, Danilo/Denis Moschitto, em tribunal como parte queixosa no processo contra a mulher que viu no local do atentado, Edda Möller/Hanna Hilsdorf, e contra o companheiro e cúmplice dela, Andre Möller/Ulrich Brandhoff.
Frustradas as expectativas de ver feita justiça por um advogado hábil, Haberbeck/Johannes Krisch, e um tribunal timorato perante o fantasma do "erro judicial", Katja segue o par absolvido até à Grécia, de onde viera a falsa testemunha com o documento falso. Essa parte final do filme reveste grande intensidade dramática e está muito bem resolvida em termos fílmicos até ao fim.
Não se trata de alarmismo mas de casos reais acontecidos na Alemanha já neste século XXI e que a progressão eleitoral da extrema-direita na Europa e noutros lados, além dos actos de terror, vem confirmar ser um perigo real e iminente nas sociedades democráticas.
Diane Kruger tem uma excelente interpretação, justamente premiada em Cannes, e o filme tem um grande equilíbrio nas suas três partes, cada uma fechando sobre as imagens do passado da família, e entre elas. O que nem sequer espanta, pois Fatih Akin é um dos melhores cineastas alemães e europeus da actualidade.
Com cada personagem e cada acontecimento no seu lugar certo, "Uma Mulher Não Chora" mostra também de forma clara os pontos pelos quais os neo-nazis se caracterizam: o ódio ao estrangeiro, ao diferente, demonizados e atacados sem qualquer preocupação ou remorso.
Ver para crer neste filme com argumento do próprio cineasta e Hork Bohm, fotografia de Rainer Klausmann, música de Josh Homme e montagem de Andrew Bird. Globo de Ouro para o melhor filme em língua estrangeira deste ano.
Ver para crer neste filme com argumento do próprio cineasta e Hork Bohm, fotografia de Rainer Klausmann, música de Josh Homme e montagem de Andrew Bird. Globo de Ouro para o melhor filme em língua estrangeira deste ano.
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