sábado, 6 de janeiro de 2018

O mesmo sonho

      "Corpo e Alma"/"Teströl és lelekröl" é o último filme da húngara Ildiko Enyedi, 18 anos depois da sua anterior longa-metragem, "Simon mágus" (1999), e 28 anos depois de "O  Meu Século XX"/Az én XX, századom"(1989), o seu único filme a estrear entre nós.  Despretensioso, confirma e desenvolve a ingenuidade desse filme anterior.
     O chefe dos serviços financeiros de um matadouro, Endre/Morcsányi Géza, tem o mesmo sonho durante o sono que a nova controladora de qualidade, Mária/Alexandra Borbély, que tem uma memória superior, exacta. Ele é muito mais velho do que ela. 
      Com pequenos apontamentos sobre o meio, em que são de assinalar a contratação de um novo jovem trabalhador, um assalto e uma velha mulher da limpeza além da psicóloga e do terapeuta de Mária, o filme centra-se nisto.  
                      http://www.cinegoiania.com.br/wp-content/uploads/2017/12/corpo_e_alma.jpg
   Em tom de comédia romântica, "Corpo e Alma" explora a solidão dos protagonistas até ao seu difícil encontro final - se não fosse difícil não se justificava o filme em termos de melodrama
   Com belos animais nos sonhos (veados) a contrastarem com os pobres animais do matadouro, embora trabalhe bem o seu centro narrativo não passa de um amável entretenimento com ostensivo subtexto e implicações óbvias, especialmente valioso em tempos de leveza. No final os protagonistas deixam de sonhar, na floresta o lago fica vazio.
   Tem argumento da própria realizadora, fotografia de Máté Herbai, música de Adam Balazs e montagem de Károly Szalai. O pós-comunismo tem destas coisas na Hungria: tanto Béla Tarr como Ildiko Enyedi. Anoto que a cineasta tem, entretanto, trabalhado para a televisão.

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