Por razões profissionais, estive muitos anos todas as semanas alguns dias no Porto e aí me habituei a frequentar a Livraria Leitura com regularidade. Das últimas vezes que lá fui era patente a redução do seu espaço, já com uma só entrada pela Rua José Falcão, a redução e o definhamento dos livros. Nos últimos anos tinha deixado de importar livros estrangeiros, mas tinha ainda um acervo muito importante.
Já depois da sua fase "histórica", ali passei manhãs e tardes às voltas com livros, no meio deles, alguns dos quais só ela tinha, e assim tornei-me familiar de todo o seu espaço, de todas as suas secções em melhores tempos e dos seus competentes e simpáticos vendedores. Ali, onde cheguei a assistir ao lançamento de novos livros e onde me aconteceu encontrar amigos que não via há muito, formei alguma da minha melhor memória dos livros, das livrarias e do Porto.
Os tempos não vão de feição para a actividade livreira mas para o negócio do livro (por enquanto), e nestas condições tanto faz que uma livraria tenha ou não história. Os livros, esses, continuam a existir, e como lembram Eco e Carrière ("Não contem com o fim dos livros": Lisboa, Gradiva, 2017) não estão para desaparecer - não contem com isso.
De cada vez que lá ia deixava um livro para comprar na visita seguinte. Aqui me despeço com tristeza dos meus amigos da Livraria Leitura, que das últimas vezes que lá estive não escondiam já a sua apreensão quanto ao futuro daquele espaço. Ao Fernando Fernandes fica agora o encargo de contar em livro a história da livraria que fundou e dirigiu durante muitos anos.
Também tive muita pena , mesmo indo poucas vezes ao Porto. Era a melhor livraria do país. Vou partilhar no facebook.
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