Dez anos depois de "O Pesadelo de Darwin"/"Le cauchemar de Darwin" (2014), o austríaco Hubert Sauper estreou "We Come as Friends"/"Nous venons en amis" (2014), outro documentário de quem tinha já feito "O Diário de Kisongani"/"Kisongani Diary" (1998).
Filmado de urgência quando dos acontecimentos que precederam o referendo à independência do Sudão do Sul, impressiona pela improvisação, o esforço de captar os que estão envolvidos de perto nos acontecimentos, que têm de aceitar entre eles os estranhos de uma equipa de filmagem para que esta possa fazer o seu trabalho.
Mostrando o desespero, a angústia, o medo mas também a esperança e a determinação dos habitantes, faz-nos mergulhar em pleno conflito, com os que se encontraram nele envolvidos e os que dele foram vítimas, sem esquecer os esforços de reconstrução.
O envolvimento pessoal e o trabalho do realizador, que incluiu a construção do avião que da Europa ali o levou, é notável e valoriza o filme que daí nasceu nas piores condições com que teve de lidar. O mesmo avião permitiu soberbas tomadas de vista aéreas.
Sem contemplações e sem distância, naquelas condições em que mostra o trabalho da morte e da destruição mas também o daqueles que procuraram levar assistência e pacificar, questionando intenções neo-coloniais num país tão rico em petróleo, é um filme indispensável, distinguido em vários festivais de cinema e ainda disponível no site do Arte, que o mostrou na semana passada.
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