"As Guardiãs"/"Les gardiennes", de Xavier Beauvois (2017), é um belo filme passado entre 1915 e 1920, enquanto decorria a I Guerra Mundial, sempre presente embora sempre fora de campo, e logo a seguir. Nela morre Constant Sandrail/Nicolas Giraud, e a maneira de uma mãe, Hortense Sandrail/Nathalie Baye, receber num filme a notícia da morte de um filho na guerra não varia senão de ângulo desde John Ford.
O outro filho, Georges Sandrail/Cyril Descours, volta para a guerra e troca correspondência com Francine Riant/Iris Bry, empregada da mãe. No regresso faz-lhe um filho mas a mãe e ele desconfiam dela. Solange/Laura Smet, casada com Clovis/Olivier Rabourdin, é a filha que espera. Marguarit Sandrail/Mathilde Viseux ganha um marido que desdenhará ser pai como o dele, Henri Sandrail/Gilbert Bonneau.
Com os homens ausentes são elas quem se encarrega de tudo, em casa mas também nos campos, colheitas, arroteamento e tratamento das terras, sementeiras, e tudo isso está muito bem no filme entre o espaço, as actrizes, os objectos e a câmara, acrescentado o valor "As Guardiãs". A guerra só surge no sonho de Georges em casa. E no final discute-se a herança de Constant.
Com os homens ausentes são elas quem se encarrega de tudo, em casa mas também nos campos, colheitas, arroteamento e tratamento das terras, sementeiras, e tudo isso está muito bem no filme entre o espaço, as actrizes, os objectos e a câmara, acrescentado o valor "As Guardiãs". A guerra só surge no sonho de Georges em casa. E no final discute-se a herança de Constant.
O argumento do cineasta, Marie-Julie Maille e Frédérique Moreau a partir de novela de Ernest Pérochon permite ao realizador e aos actores um excelente trabalho em contenção, num filme que não sei porquê me faz lembrar "Jules et Jim" de François Truffaut (1962), embora a preto e branco passado justamente durante a mesma guerra.
A fotografia de Caroline Champetier tem uma iluminação assombrosa, que a torna por vezes pictórica, a música de Michel Legrand é parcimoniosamente utilizada e a montagem é da co-argumentista Marie-Julie Maille num excelente filme com produção de Sylvie Pialat e Benoît Quainon.
Com esta excelente equipa, Xavier Beauvois dá continuidade a uma obra muito boa em que avultam "Dos Homens e dos Deuses"/"Des hommes e des dieux" (2010) e "O Preço da Fama"/"La rançon de la gloire" (2014). Uma obra que se percebe melhor no contexto do cinema francês.
Sem comentários:
Enviar um comentário