quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Simples e rigoroso

     "Milla" (2017) é a segunda longa-metragem da fotógrafa francesa de origem arménia Valérie Massadian, depois de "Nana" (2011). De uma grande simplicidade narrativa tem uma construção formal muito boa.
     Em planos longos, em geral estáticos, um par de adolescentes apaixonados, Milla/Severine Jonckeere e Leo/Luc Chasel, dois não-profissionais, conversa, vagueia, diverte-se, festeja. E aqui avulta um plano longo dele que fala directamente para a câmara dirigindo-se a ela fora de campo.
                                             Milla     
     Passados uns 40 minutos do filme Milla surge visivelmente grávida e, depois de uma sequência de Leo na pesca, o filme passa a acompanhá-la a ela, que faz trabalhos de limpeza. Até ao nascimento e os primeiros anos do filho, Ethan Jonckeere, muito despachado, a quem ela diz que "o pai está no céu" embora ele ainda apareça uma vez.
    O argumento é da própria cineasta e a fotografia de Robin Fiesson e Mel Massadian. Sem música a não ser diegética, o filme evita a cena do casal primordial e da família triangular dos primeiros filmes de Philippe Garrel para se aproximar dos primeiros filmes de Agnès Varda.
     Com uma excelente composição visual que torna as personagens mais verdadeiras e a narrativa minimal mais pregnante, este é um filme muito bom em que a forma conduz, até no outro plano com as vozes dos protagonistas fora de campo, que faz uma panorâmica da direita para a esquerda sobre o mar. Abre fecha a negro.

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