"Fahrenheit "11/9" é o mais recente filme do documentarista americano Michael Moore (2018), em réplica ao seu anterior "Fahrenheit 9/11" (2004), indispensável para compreender a América actual sob a presidência de Donald Trump, eleito devido a circunstâncias infelizes do sistema político do país.
O seu mérito maior reside em não se circunscrever à eleição e à presidência de Trump mas dar-lhe o contexto americano em tons crus e realistas, nomeadamente com o recurso à situação anterior da terra natal do realizador, também argumentista e produtor, Flint, Michigan, caso escandaloso de governo por um outro milionário. Nesse e noutros casos percebe-se bem a aberração de um sistema que permite e até favorece a escolha eleitoral não dos melhores mas dos mais ricos, dispostos a tudo para exercer o poder em benefício próprio e dos seus iguais.
Mas com cumplicidades e repercussões internacionais, o caso Trump está muito bem apresentado como o de uma presidência disruptora tanto interna como internacionalmente, com ameaça para toda a humanidade em alguns casos enquanto põe em causa o respeito por elementares direitos humanos internamente.
Mas com cumplicidades e repercussões internacionais, o caso Trump está muito bem apresentado como o de uma presidência disruptora tanto interna como internacionalmente, com ameaça para toda a humanidade em alguns casos enquanto põe em causa o respeito por elementares direitos humanos internamente.
Além disso este filme mostra como o actual partido democrata mereceu perder as últimas presidenciais e continua sem alternativas válidas para oferecer, enquanto na juventude parece residir o inconformismo propício a uma mudança.
A parte final do filme sobrepõe a actualidade americana à ascenção do nazismo, nos anos 30 do século XX, no que faz muito bem ao carregar os traços daquilo que a alguns pode parecer inofensivo mas não é, contrariamente ao diagnóstico de pós-fascismo dos filósofos italianos que António Guerreiro citou no Ipsílon da semana passada.
Essencial para os próprios americanos que julgam que o seu país se resume a um reality show, "Fahrenheit 11/9" de Michael Moore ajuda-nos a todos a compreender a actualidade, sem falsas esperanças nem ilusões, indo assim ao encontro das previsões que vêm sendo feitas por Slavoj Zizek entre outros. Tudo muito claro e bem documentado, orientado pelo comentário do cineasta sem preocupação de ser "artístico".
Perante indiferença generalizada, prolonga-se uma situação inaceitável que as eleições intercalares desta semana vieram consolidar. E o inaceitável alastra a outros pontos do globo sem que se veja disposição para o contrariar e afastar os seus fautores, como numa espiral de ameaça provocadora e muito perigosa que urge combater e afastar.
Perante indiferença generalizada, prolonga-se uma situação inaceitável que as eleições intercalares desta semana vieram consolidar. E o inaceitável alastra a outros pontos do globo sem que se veja disposição para o contrariar e afastar os seus fautores, como numa espiral de ameaça provocadora e muito perigosa que urge combater e afastar.
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