Era assim que se chamava ao que cantava Aretha Franklin (1942-2018) quando a comecei a ouvir na minha juventude, quando começaram a surpreender-me e impressionar-me a sua voz e as suas canções. Desse modo me tornei familiar da música soul, que arrastava consigo as suas origens entre os escravos negros americanos de séculos passados.
Havia um segredo na sua voz e na sua presença física que nos resistia para além do mais acessível, a um ponto que nenhum outro cantor americano que tenha conhecido atingiu. Nelas se pressentia o Além mas também a incompreensão, a persistência do seu mistério.
Filha de um pastor baptista, começou a cantar muito cedo. Inteligente, viva e interveniente politicamente no seu país, depois de uma carreira brilhante de compositora e cantora partiu numa altura em que todos a recordam ainda no seu melhor, na sua grandeza, sem ter conhecido verdadeiramente a decadência.
Partilho aqui a dor dos meus leitores americanos e de todos os seus admiradores. Que o mistério da vida e da morte permaneça na sua voz e na sua memória.
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