Forçar a nota narrativamente sem forçar a mão esteticamente é o que faz Gus Van Sant no seu último filme, "O Mar de Árvores"/"The Sea of Trees" (2015), um melodrama forçado e esforçado, muito artificial para pretender ser mais humano.
Alterna o passado do casal com o presente do marido, Arthur Brennan/Matthew McConaughay que procura o melhor sítio para morrer em Aokigahara, uma densa floresta no Japão na proximidade do Monte Fuji. O japonês que aí encontra, que não sabe o caminho de saída e ele procura salvar, Takumi Nakemura/Ken Watanabe, diz-lhe estar no purgatório e que cada uma das flores que se abrem representa uma alma que chegou ao seu destino.
No passado, a mulher dele, Joan/Naomi Watts, alcoólica, é operada a um tumor na cabeça que se revela benigno... mas morre logo a seguir num acidente de viação, para lhe reaparecer enigmaticamente convocada pela flor amarelo Inverno de que o japonês tinha falado sem ser percebido por Arthur e no lugar onde ele o tinha deixado, debaixo do seu casaco.
Apesar da ostensiva alusão japonesa, não é Kenji Mizoguchi nem nada que se pareça, concentrando no seu final um simbolismo forçado, "para americano ver" mas que, dada a construção do filme, com boa vontade até funciona.
Sem recorrer às figuras de estilo que tornaram o cineasta conhecido desde "Gerry" (2002), tem uma pretensão excessiva e forçada à falta de melhor. Mas mesmo o seu extremar do artifício joga com os lugares-comuns do melodrama nos termos da sua complexidade, o que acaba por o justificar.
Sem recorrer às figuras de estilo que tornaram o cineasta conhecido desde "Gerry" (2002), tem uma pretensão excessiva e forçada à falta de melhor. Mas mesmo o seu extremar do artifício joga com os lugares-comuns do melodrama nos termos da sua complexidade, o que acaba por o justificar.
Tem argumento de Chris Sparling, fotografia de Kasper Tuxen, música de Mason Bates e montagem de Pietro Scalia. Correcta, a realização é de Gus Van Sant. E é um filme do realizador de "Elephant" (2003), que nem sequer lhe fica mal e por isso merece ser visto.
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