"Uma Mulher Doce"/"Krotkaya", de Sergei Loznitsa (2017) é um bom filme do também documentarista ucraniano, diferente dos anteriores do cineasta de que contudo não desmerece.
Uma mulher, doce/Vasilina Makovtseva, numa pequena vila russa recebe devolvida a encomenda que enviou por correio para o marido, preso na Sibéria. Sem explicações sobre tal devolução.
Resolve então dirigir-se ao local em que ele se encontra para saber o que se passa. Desde o início, na estação dos correios e no autocarro, percebe-se o mal-estar reinante. Depois de uma viagem de comboio, a mulher doce adormece numa estação, sono de que é despertada para um percurso tormentoso em que se depara com recusa atrás de recusa.
Depois de encontrar a defensora dos direitos humanos e de assistir do exterior a uma cerimónia de homenagem ao director da prisão, quando tentavam violá-la ela é acordada de novo na estação onde adormecera do que afinal tinha sido um sonho durante o sono.
Mesmo se em parte sonhado, o retrato da Rússia actual é duro e impiedoso, concentrando em si os pesadelos do passado, do presente e do futuro na descrição do percurso kafkiano da protagonista. E terá sido efectivamente sonho?
Mesmo se em parte sonhado, o retrato da Rússia actual é duro e impiedoso, concentrando em si os pesadelos do passado, do presente e do futuro na descrição do percurso kafkiano da protagonista. E terá sido efectivamente sonho?
Com o rigor estético a que Loznitsa nos habituou, geométrico antes da abertura do sonho, caótico depois, e grande importância do fora de campo é mais um bom filme dele, com fotografia de Oleg Mutu e montagem de Danielius Kokanauskis, sem música que não seja a diegética. Um filme moderno que segue em frente sem ceder em nada.
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