Auguste Rodin (1840-1917) e Paul Gauguin (1848-1903) foram dos mais importantes artistas franceses do final do século XIX e do início do século XX. Muito diferentes um do outro, contam-se entre os nomes maiores da história da arte. Também tiveram vidas e sucessos muito diferentes, do que nos dão conta dois filmes franceses deste ano de 2017.
"Rodin" de Jacques Doillon, com Vincent Lindon no papel do protagonista, é um filme trabalhado e dominado sobre a vida do grande escultor a partir da sua primeira encomenda do Estado francês. Muito bem dividido em partes que correspondem a obras de referência do artista, com argumento do próprio cineasta inclui a inevitável Camille Claudel/Izia Higelin mas também personagens de artistas e escritores fundamentais da época com os quais ele conviveu: Victor Hugo/Bernard Verley, Claude Monet/Olivier Cadiot, Paul Cézanne/Arthur Nauzyciel, Octave Mirbeau/Laurent Poitreneaux.
A fotografia de Christophe Beaucarne trabalha as sombras e o escuro ao captar momentos de uma vida de artista atribulada mas finalmente bem sucedida, com referências à Antiguidade grega e ao Renascimento mas também à Catedral de Chartres, que Rodin explica a Rainer Maria Rilke/Anders Danielsen Lie ter sido, com as árvores, a sua grande influência e fonte de inspiração.
Vida difícil a do artista em todo o caso, dividido entre Camille, Rose/Séverine Caneele e as suas modelos e com as apreciações críticas das suas obras que o obrigaram, por exemplo, a "vestir" Balzac. Gigante da arte que Vincent Lindon, depois de Gérard Depardieu em "Camille Claudel", de Bruno Nuytten (1988), interpreta superiormente ao pormenor em toda a pujança do seu génio criador. A música de Philippe Sarde é utilizada ocasionalmente.
Rodin procurou o movimento e a expressão do torso humano. Na época tratado como "mestre", a sua obra, visível no Musée Rodin, em Paris, que participou no filme, ficou para o futuro depois de, com a personalidade dele, ter marcado o seu tempo e todos aqueles que o conheceram. Este filme constitui uma bela homenagem no centenário da sua morte.
Rodin procurou o movimento e a expressão do torso humano. Na época tratado como "mestre", a sua obra, visível no Musée Rodin, em Paris, que participou no filme, ficou para o futuro depois de, com a personalidade dele, ter marcado o seu tempo e todos aqueles que o conheceram. Este filme constitui uma bela homenagem no centenário da sua morte.
O "Gauguin"/"Gauguin - Voyage de Tahiti" de Edouard Deluc é um filme diferente em função do protagonista, interpretado por Vincent Cassel, que no final do mesmo século XIX resolveu abandonar Paris e a França para viver e trabalhar numa ilha da Polinésia francesa.
Centrado no protagonista de quem traça um retrato de vida muito difícil, miserável mesmo, este é um filme mais imediatista do que o anterior, menos trabalhado cinematograficamente mas que alcança o tom justo para um artista de vida e sucessos especialmente difíceis, sujeito ao choque com uma cultura diferente, o que está muito bem dado no cruzamento da cultura indígena com a europeia e especialmente na relação de Gauguin com Tehura/Tuhei Adams - os mitos primordiais, as tradições locais e o cristianismo.
Contando também com boa fotografia de Pierre Cottereau, passa-se mais em exteriores e apoia-se mais na música, de Warren Ellis, que o filme de Doillon utiliza parcimoniosamente. Mas a personagem do "artista maldito", que saiu de Paris sem a família como estivador e como estivador teve de trabalhar na Polinésia, está excelentemente restituída na interpretação interiorizada de Vincent Cassel.
A dimensão do génio, incompreendido no seu tempo, de Gauguin, com dificuldades de convívio e sem ninguém que lhe chamasse "mestre" mas convencido de ser uma "natureza de artista" que havia que pôr a trabalhar, está muito bem devolvida na narrativa do período mais problemático da sua vida. Conta com argumento de Etienne Comar, Thomas Lilti, Sarah Kaminsky e do realizador sobre o livro do próprio pintor.
Permito-me chamar a vossa atenção para a curta-metragem de Alain Resnais "Gauguin" (1950) mas também para a outra curta, "Chartres" de Jean Grémillon (1923). Os franceses mostram-se vivaços no cinema ao dedicarem filmes muito bons e importantes a grandes figuras da história da arte francesa. Agora Jacques Doillon é um dos mais destacados cineastas franceses, que cria um filme muito bom e não académico, clássico nos seus "encadeados a negro", enquanto Edouard Deluc vai na sua segunda longa-metragem, mais ingénua e menos perfeita mas em que cumpre bem, o que explica outra diferença entre os dois filmes.
Permito-me chamar a vossa atenção para a curta-metragem de Alain Resnais "Gauguin" (1950) mas também para a outra curta, "Chartres" de Jean Grémillon (1923). Os franceses mostram-se vivaços no cinema ao dedicarem filmes muito bons e importantes a grandes figuras da história da arte francesa. Agora Jacques Doillon é um dos mais destacados cineastas franceses, que cria um filme muito bom e não académico, clássico nos seus "encadeados a negro", enquanto Edouard Deluc vai na sua segunda longa-metragem, mais ingénua e menos perfeita mas em que cumpre bem, o que explica outra diferença entre os dois filmes.
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