domingo, 24 de dezembro de 2017

Psicodrama

      Depois da trilogia "Tony Maanero" (2008), "Post Mortem" (2010) e "Não"/"No" (2012), e antes de "Neruda" e "Jackie"  (2016), o chileno Pablo Larrain dirigiu "O Clube"/"El club" (2015), um filme muito falado e premiado no Festival de Berlim com o Grande Prémio do Júri. Só agora o consegui  ver.
      Quatro padres vivem numa residência próximo do mar acompanhados por uma freira. Depois de um novo hóspede ter morrido por sua própria mão, chega um outro para inquirir sobre eles com o intuito de fechar a casa.
      Cada um deles tem a sua própria história pessoal, de pedofilia, homossexuialidade, confissão de militares (a partir da ditadura) e o último cala-se quando começa a contar a sua história. A freira também tem um passado seu. Mas há sobretudo o habitante local que os conhece e os desafia.  
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      Encenado como um psicodrama em poucos espaços, sem sair da mesma vila, este é um filme corajoso e muito bom sobre questões sensíveis na actualidade no interior da religião católica, agarradas de forma clara e frontal apesar do local retirado e por causa dele, com argumento de Guillermo Calderón, Daniel Villalobos e do realizador.
    Pablo Larrain filma as entrevistas do inquiridor frontalmente, o que torna mais visível o desconforto dos inquiridos, e o filme termina de forma inesperada mas que acaba por se explicar por si própria, embora se coloque a questão de saber se aquela é a melhor solução para aquele caso. 
    Sério e sem contemplações, como o conhecemos dos seus filmes anteriores, o cineasta consegue um filme perturbador sobre questões que causam desconforto sem fazer um "filme de tese" e sem procurar moralizar. Cada um que tire as suas próprias ilações sobretudo sobre onde está a ética e a falta dela.

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