Num dos últimos filmes que interpretou, "Lucky" de John Carroll Lynch (2017), o actor Harry Dean Stanton (ver 17/9/2017) assume a sua longevidade numa personagem da sua idade que, após uma queda, se coloca os problemas próprios dessa idade.
Assim, fundamentalmente ele recorda episódios do seu passado e questiona o futuro, enquanto no presente continua a fazer a sua vida normal entre casa e o bar, com muito exercício e muito tabaco. No bar, cúmplice, surge David Lynch, o pai do realizador, como Howard, que tem uma tartaruga, perdão um cágado chamado Presidente Roosevelt.
Com a ajuda da música, as alusões ao western são claras no cenário do deserto em que o protagonista caminha repetidamente, com ostensiva piscadela de olho a certo filme de John Ford. Mas Lucky também sonha, toca harmónica de boca e até canta em espanhol, depois de ter confidenciado que tem medo.
Esta uma bela homenagem e uma bela despedida do actor, no final com um sorriso para nós antes de se perder no deserto enquanto a tartaruga, perdão, o cágado, com longevidade prevista para 200 anos, entra mais próximo no plano fixo.
O grande segredo deste filme, com argumento de Logan Sparks e Drago Sumonja, é, sob os traços do homem velho, surpreender a fisionomia do actor de "Paris, Texas" de Wim Wenders (1984) e "Uma História Simples"/"The Straight Story" de David Lynch (1999) quando novo. Mas também a ironia grave com que o actor encara a sua idade e a sua vida.
O grande segredo deste filme, com argumento de Logan Sparks e Drago Sumonja, é, sob os traços do homem velho, surpreender a fisionomia do actor de "Paris, Texas" de Wim Wenders (1984) e "Uma História Simples"/"The Straight Story" de David Lynch (1999) quando novo. Mas também a ironia grave com que o actor encara a sua idade e a sua vida.
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