quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Melancolia e nuvens

    "Frost"/"Serksnas" é o mais recente filme do lituano Sharunas Bartas (2017), o primeiro depois da retrospectiva e homenagem que o Centro Georges Pompidou, em Paris, lhe dedicou em 2015. De um cineasta de que temos a melhor impressão dos quatro primeiros filmes - "Três Dias"/"Trys Dienos" (1992), "Corredor"/"Koridorius" (1994), "Few of Us"/"Musum Nedaug" (1996) e "A Casa"/"Namai" (1997) - os últimos não nos têm chegado, pelo que foi no Lisbon & Sintra Film Festval que o consegui ver.
     Acompanhado pela namorada, Inga/Lyja Maknavicinte, Rokas/Mantas Janciauskas parte da Lituânia para a Ucrânia em substituição de um amigo, como voluntário em missão humanitára. Depois de uma noite num hotel em Kiev, em que discutem a guerra e se questionam sobre si próprios, sobre o amor que ele considera acompanhado pela tristeza, seguem para o seu destino.
                                  
      Nesse percurso encontram sucessivos militares e sinais de guerra - um comboio de tanques, um avião - e vai ser em conversa com os militares, enquanto se aproxima da frente de combate, que o protagonista vai ficar a saber qual a natureza da guerra antes de no final a experimentar por si próprio sem que a experiência lhe aproveite já.
   No prosseguimento de uma estética pessoal, Bartas filma sistematicamente as personagens em primeiro plano e tem uma atenção especial com os objectos e com o enquadramento da natureza, enquanto os longos diálogos alternam com longos silêncios, o que tudo estabelece a beleza e o encanto do filme, percorrido pela melancolia e com nuvens no céu.
     Noto que frost significa congelação mas também fiasco em inglês a propósito deste belo filme, uma co-produção lituana, francesa, ucraniana e polaca, assinalada pela presença dos polacos Andrzey Chyra e Weronika Rosati, da francesa Vanessa Paradis e do ucranianio Boris Abramov, que tem argumento do cineasta e de Anna Cohen-Yanay, fotografia de tons carregados de Eitvydas Doskus e em que a música surge só, de passagem, no final.

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