"Party Girl", o primeiro e até agora único filme de Samuel Theis (2014), co-realizado com Marie Amachoukeri e Claire Burger à saída da FEMIS, é um belo filme, inspirado e feliz, com argumento dos três baseado na vida da mãe do próprio jovem cineasta.
Movendo-se entre a ficção e o documentário, com actores profissionais e não-profissionais, trata dos tempos de perplexidade de Angélique/Angélique Litzenburger, sexagenária acompanhante de cabaret na fronteira entre a França e a Alemanha e mãe de quatro filhos, que hesita perante o assédio de um cliente, Michel Henrich/Joseph Bour, que quer casar com ela.
Com grande à-vontade e prevalência dos corpos e rostos dos actores, com fotografia de Julien Poupard o filme descreve os percursos, os dilemas e os dias de uma mulher que está habituada ao seu trabalho e ao que ele implica, recupera uma filha, reúne a família e acaba por, relutante, aceitar a proposta de casamento.
Resolvido contra o "final feliz" convencional porque Angélique segue a sua natureza e o seu instinto, este é um filme muito bom e promissor, com planificação justa e excelentes actores, em especial os que interpretam os dois protagonistas, feito com uma grande compreensão e uma grande ternura sobre o mundo actual visto numa perspectiva pouco comum.
Câmara de Ouro da secção Un certain regard para o primeiro filme no Festival de Cannes, passou esta semana no Arte. Aplauso.
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