quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Relações escusas

  "Le grand jeu" é a primeira longa-metragem de Nicolas Pariser (2015), um filme ambicioso e conseguido sobre os bastidores da política francesa.
    No terraço de um casino Joseph Paskine/André Dussollier faz-se apresentar a Pierre Blum/Melvil Poupaud, escritor de um livro a quem ele propõe que escreva outro a encomenda sua. Pierre tem uma ex-mulher, galerista, Caroline/Sophie Cattani, que tem uma amiga mais nova, ecologista e proprietária de uma casa no campo, Laura/Clémence Poesy.
                              
    Com muitos diálogos e actores muito bons - excelento o duelo entre Dussollier e Poupaud -, este é um filme sobre a ideia de conspiração instalada no interior da política francesa, no caso servindo-se de um escritor que não é ingénuo para penetrar nos círculos estudantis nem sequer de extrema-esquerda mas ecologistas com objectivo definido que os excede.
     A partir de argumento seu, o realizador cria um filme expedito e directo, que não poupa ningém, nem o seu mais jovem protagonista apesar de o salvar no final, contra o que acontece ao mais velho. Este filme, que se passa em Paris como se poderia passar em qualquer outra capital europeia, tem também a qualidade de filmar muito bem, fora dos lugares comuns "a mais bela cidade do mundo", de que sai para estabelecer os contrastes e abrir os horizontes da narrativa.
     "Le grand jeu" é a estreia auspiciosa de Nicolas Pariser e passou esta semana no ArteAos escritores, cuidado com as encomendas e os velhos senhores.

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