domingo, 5 de agosto de 2018

A carta dos mortos

     "A Paixão de Van Gogh"/"Loving Vincent", de Dorota Kobiela e Hugh Welchman (2017), é um filme raro de uma beleza rara que só agora vi e aqui vos aconselho.
    Alternando o presente a cores, em que o filho de um carteiro tenta entregar uma carta de Vincent, já morto, destinada ao seu irmão Theo, também já morto, com o passado a preto e branco, especialmente dedicado aos últimos tempos de vida do pintor, dá além disso conta de uma nova linha de investigação sobre as circunstâncias da morte deste, baseada num relatório médico alternativo dela.
     Com as imagens pintadas ao estilo de Van Gogh e fidelidade ao meio e às pessoas com quem ele passou os seus últimos tempos em Auvers, "A  Paixão de Van Gogh" é mais um excelente filme dedicado a este génio precursor da pintura moderna como personalidade fascinante e contraditória que mesmo assim produziu uma obra admirável e revolucionária do cânone estabelecido no seu tempo.
                     
   O seu mérito maior é, porém, a sua originalidade visual, em que 120 artistas pintaram à mão 65.000 fotogramas emulando o próprio pintor, a sua maneira e a sua técnica, num filme com actores no passado a preto e branco e recurso a tecnologia digital. 
   Tem argumento dos realizadores e Jacek Dehnel, fotografia de Tristan Oliver e Lukasz Zal, música de Clint Mansell e montagem da realizadora e Justyna Wierszynska. Robert Golaceyk interpreta Vincent e e Douglas Booth faz Armand Roulin, o portador da "carta dos mortos".       
   Verdadeira obra de arte cinematográfica em animação do melhor efeito e do maior interesse. Na sua originalidade, no seu interesse histórico, na sua excelente qualidade técnica, na sua dinâmica visual e na sua novidade narrativa, este "A Paixão de Van Gogh" é um filme apaixonante e excepcional que merece a melhor atenção de todos nós.

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