quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O centro do mundo

    "Uma Casa Junto ao Mar"/"La villa" é o mais recente filme do cineasta francês Robert Guédiguian, um filme sobre o passado e o presente com doentes, vivos e mortos que traça um panorama familiar completo e comovente.
    Os três irmãos, Angèle/Ariane Ascaride, Joseph/Jean-Pierre Darroussin e Armand/Gérard Meylan reúnem-se à cabeceira do pai, Maurice/Fred Ulysse, que teve um colapso, na casa em que cresceram no sul de França, perto de Marselha. Para receberem a herança paterna em vida dele, que sem consciência nem fala pode viver ainda mais uns anos. Joseph leva consigo a namorada, muito mais nova que ele, Bérangère/Anaïs Demoustier.   
      Aí encontram Yvan/Yann Trégouët e os pais deste Martin/Jacques Boudet e Suzanne/Geneviève Mnich, bem como Benjamin/Robinson Stévenin (filho de Jean-François Stévenin), apaixonado de teatro e de Angèle, que é actriz. As relações entre eles cruzam-se em surdina, elipticamente, com sobriedade e elegância.
                     
    Com serenidade e emoção, os três irmãos recordam o passado comum e Angèle em especial a filha morta afogada acidentalmente. Mas no presente, depois de duas mortes chegam no final três crianças refugiadas, três irmãos que os replicam, que se vão integrar harmoniosamente na família e na narrativa. 
   Também a realização do cineasta marselhês é serena, como se para captar os segredos mais íntimos de cada personagem num filme bergmaniano em que o particular se articula muito bem com o universal, para que remete e que repercute.
    Numa obra já muito apreciável cujos dois filmes anteriores, "Au fil d'Ariane" (2014) e "Une histoire de fou" (2015), não nos chegaram, este filme sem música tem argumento de Serge Valletti e Robert Guédiguian, fotografia de Pierre Milon e montagem de Bernard Sasia, com produção do próprio realizador e de Marc Borduras. E os actores principais são os habituais dos filmes deste destacado cineasta. Disto eu gosto.

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