quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

As coisas que mudam

    "O Amante de Um Dia"/"L'amant d'un jour" é o último filme de Philippe Garrel (2017), em que ele revisita, obsessivamente, os seus temas favoritos entre homens e mulheres.
   Gilles/Éric Caravaca é professor universitário de filosofia e tem uma relação com uma aluna, Ariane/Louise Chevillotte, quando a sua filha Jeanne/Esther Garrel, da idade dela, regressa a casa depois de ter rompido com o namorado. A partir daí as coisas complicam-se e as relações anteriores sofrem desenvolvimentos e seguem novos caminhos.
    No exigente preto e branco a que nos habituou, o cineasta dedica-se a estabelecer sempre novas variações sobre premissas de base essencialmente idênticas: as coisas que mudam e como mudam, as coisas que duram e como duram entre um par, entre diversos pares. E, qualquer que seja a decisão, ela é sempre discutida.
                                   http://toutelaculture.com/wp-content/uploads/2017/05/afficheamantdun-jour.jpg
    Num filme em que morrer de amor é um simulacro de ameaça e em que o tema central é a fidelidade, no amor e até na guerra, o interesse mantém-se, mesmo pela maneira como ele é construído em imagens e sons, nomeadamente nos diálogos constantes. Desse ponto de vista, da construção fílmica de espaço e tempo, Garrell é um dos cineastas franceses mais interessantes da actualidade.
   Com Jean-Claude Carriére, Caroline Deruas Garrel e Arlette Langmann de novo no argumento com o realizador neste filme de separações circulares, no início e no final, a fotografia é de Renato Berta, a música de Jean-Louis Aubert e a montagem de François Gédigier.
    Desde que Carrière e antes dele Caroline Deruas passaram a colaborar como argumentistas nos seus filmes, ela a partir de "Un été brûlant" (2011) ele a partir do anterior "À Sombra das Mulheres"/"L'ombre des femmes" (2015), sente-se um novo interesse, como que um renascimento de Philippe Garrel, um dos mais importantes cineastas contemporâneos.

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