quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Começar o ano

     Barbara (1930-1997) foi uma cantora francesa famosa, que viveu o tempo da geração de Georges Brassens e Jacques Brel no topo da canção em língua francesa.
      "Barbara" de Mathieu Amalric (2017) é um filme estranho, com Jeanne Balibar a desdobrar-se entre Brigitte, a actriz que num filme que está a ser rodado interpreta a célebre cantora, e a própria Barbara. O mistério deste filme desprende-se de ser preciso saber quando é a actriz e quando é a cantora que ela interpreta que está em cena, o que nem sempre é fácil.
       Há também algumas imagens de arquivo da própria Barbara, mas em volta da sua personagem e de quem a interpreta no filme dentro do filme gira o essencial deste filme, em que as outras personagens são simples apontamentos - relevo para Amalric como Yves Zand e para Aurore Clément como Esther, a mãe de Brigitte.           
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        Sobre uma cantora que teve um lugar muito especial na sua geração, o filme de Mathieu Amalric destaca-se em especial devido à prodigiosa interpretação de Balibar e consegue construir o mistério e o encanto daquela que evoca. Da parte dele, também actor, há um tour de force notável como realizador, que cria o filme segundo regras próprias não convencionais.
        Mas é Jeanne Balibar quem transporta este filme aos ombros, com grande capacidade interpretativa e também como cantora. Por ela e por Barbara vale a pena vê-lo. Sem decadência nem de uma nem da outra, esta é uma obra depois do vértice e do vórtice, em casas vazias outrora habitadas e em cenários de estúdio, com jardins de Inverno por perto.
         Com argumento de Amalric e Filippe Di Fosco a partir de ideia de Renaud Legrand e Pierre Leon, tem fotografia de Christophe Beaucarne e montagem de François Gédigier este filme que ganhou o prestigiado prémio Louis Delluc em 2017. 

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