sexta-feira, 22 de junho de 2018

Bastante bom

    "Blade Runner 2049", do canadiano Denis Villeneuve (2017), é uma sequela, 30 anos depois, do filme primitivo de Ridley Scott, "Blade Runner: Perigo Iminente"/"Blade Runner"(1982), uma referência ainda hoje do filme de ficção científica. Inevitavelmente aquém dele mas com alguns motivos de interesse especial.
   Com argumento de Hampton Fancher e Michael Green baseado em história do primeiro, acompanha K-Joe/Ryan Gosling na demanda das suas próprias origens, perdidas, encontradas a partir da memória de um brinquedo que remete para o seminal "O Mundo a Seus Pés"/"Citizen Kane" de Orson Welles (1941) para depois serem alienadas a favor da irmã.
     Menos filme de acção do que o primeiro, o realizador explora o tempo parado e longo, como em "O Homem Duplicado"/"Enemy" baseado em José Saramago (2013), o que, inesperado, não joga com o anterior "Blade Runner". De facto, onde antes havia movimento, acção, agora encontra-se expectativa, forçada, tudo em favor de uma ideia narrativa rebuscada, embora faça sentido.  
                    
      Sem estar à altura do filme de Ridley Scott, cumpre para o que se pode esperar nos dias de hoje, com bons efeitos especiais centrados no protagonista e em quem com ele contacta. Por exemplo, a mulher virtual e a mulher real, se bem que óbvio está bem explorado, embora a mulher actual igual à anterior menos na cor dos olhos seja melhor como ideia. Destaque para o fechamento sobre si próprio do protagonista, figura característica de Villeneuve.
     Chamando por novo filme, a que ostensivamente pisca o olho, sofre do ego proeminente do realizador, melhor em "Sicário - Infiltrado"/"Sicario" (2015) do que nesta encomenda despachada com profissionalismo e tom pessoal forçado, mas sem dúvida presente com a qualidade da realização.
     No fim de contas, hoje em dia os filmes de ficção-científica parecem-se todos uns com os outros. Questões entre gerações, entre pais e filhos, de busca das origens, que talvez seja o que suscita maior interesse, de ditadores e revolucionários. E é bom voltar a ver Harrison Ford como Dekkard.

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