O mais recente filme de Darren Aronofsky, "Mãe!"/"Mother!" (2017), consegue impôr-se por manter todo o tempo o seu ponto de vista sobre a protagonista/Jennifer Lawrence, enquanto se desenrolam as mais terríficas peripécias na sua casa.
Tudo começa quando o marido dela/Javier Bardem, escritor de sucesso, convida um casal desconhecido, Ed Harris e Michelle Pfeiffer, a passarem uma noite com eles. Depois deles surgem os filhos e essa primeira parte, que começa com o susto do marido à mulher e depois do convidado à mesma, está muito bem feita mas não nos prepara para a segunda parte e o final.

Sem abandonar a casa e a protagonista, "Mãe!" consegue mostrar claramente as razões do medo dela, com a mancha no chão e os inesperados e insubordinados convidados, sem isentar o marido de suspeitas na sua (excessiva) inocência masculina. O seu outro e decisivo trunfo é a interpretação de Jennifer Lawrence.
Escrito, produzido e dirigido por Aronofsky, este filme volta a ter a carga metafórica que existia em "Cisne Negro"/"Black Swan" (2010) mas agora algo exagerada. Apontando para o Buñuel mexicano o filme acaba por se afirmar como filme de terror, algo próximo do Roman Polansky inicial. Sem o génio de um nem o atrevimento do outro.
Que lhe faça bom proveito. Darren Aronofsky não é de maneira nenhuma dos meus cineastas americanos preferidos da actualidade. Em todo o caso reconheço que funciona como parábola da relação do casal, que parece ser onde o cineasta o pretende situar.
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