Sobre um dos grandes escritores europeus da primeira metade do século XX, "Stefan Zweig: Adeus, Europa"/"Stefan Zweig: Farewell to Europe", da actriz e realizadora alemã Maria Schrader (2016), segue o protagonista nos últimos anos da sua vida, passados entre o Brasil e os Estados Unidos devido à situação europeia dos anos 30 e início dos 40.
Procura mostrar-se fiel e à altura do biografado, interpretado por Josef Hader, e das suas duas mulheres, Frederike/Barbara Sukowa e Lotte/Aenne Schwarz, mas não esconde a sua modéstia ao filmar em São Tomé as cenas situadas no Brasil. Conta, apesar disso, com bons momentos e com participação portuguesa, nomeadamente de actores como João Lagarto, Nicolau Breyner (de quem foi das últimas interpretações no cinema), Maria Vieira e Virgílio Castelo em pequenas intervenções.

Para além do olhar perdido de Stefan Zweig, o filme conta com um grande início e um grande final, ambos em plano fixo muito longo, que estabelecem o seu nível e a sua ambição estética, que de uma maneira geral o restante não acompanha senão ocasionalmente.
Como questão mais importante, "Stefan Zweig: Adeus Europa", que tem argumento da realizadora e Jan Schomburg, levanta a do papel dos intelectuais em tempos de crise, de uma forma correcta porque dilemática, atendendo à sua personagem e à sua época - o escritor era natural de Viena, onde nasceu ainda no tempo do Império Austro-Húngaro (1881-1942).
Se outro mérito não tiver, este filme chama a atenção para um escritor importante, em quem Max Ophüls se baseou para "Carta de Uma Desconhecida"/"Letter from an Unknown Woman" (1948) e Roberto Rossellini para "O Medo"/"La paura" (1954), um dos seus filmes menos prezados e menos conhecidos, um escritor que está largamente traduzido em português.
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