domingo, 7 de outubro de 2018

Reduzidos

    "Pequena Grande Vida"/"Downsizing" (2017) é a oitava longa-metragem de Alexander Payne", conhecido desde "As Confissões de Schmidt/"About Schmidt" com Jack Nicholson (2002) e uma figura destacada do cinema americano. Entre os seus filmes contam-se ainda "Sideways" com Paul Giamatti (2004), "Os Descendentes"/"The Descendants" com George Clooney (2011) e o mais recente "Nebraska" com Bruce Dern (2013), até agora o seu melhor.
                      
   Contando com precedentes no cinema americano, a ideia de reduzir personagens a uma dimensão menor é aqui utilizada com justificações "científicas" e no argumento do cineasta e Jim Taylor são utilizadas, ligadas e desenvolvidas algumas questões que se encontram dispersas no mundo da ciência. Sublinhe-se que a aceitação de Paul Safranek/Matt Damon e Audrey Safranek/Kristen Wig de entrarem no programa é motivada por razões económicas, com a promessa de uma vida mais barata e melhor, também benéfica para o ambiente.
   Com indiscutível valor crítico, que no mundo reduzido as personagens do sérvio Dusan Mukovic/Christoph Waltz e da vietnamita Ngoc Lan Tran/Hong Chau ampliam, mesmo com o seu final moralista e até por causa dele não ultrapassa o que se chamou em tempos o "filme com mensagem" ou "filme de tese" devido a querer demonstrar uma premissa que as personagens, unidimensionais, ilustram - o que, note-se, é muito usado do cinema americano actual
                      Downsizing
    Certo, todos os mundos se equivalem, o normal, o reduzido, afinal distópico e o de preservação proposto no final, de modo que é preferível ficar onde se está melhor e com quem se está melhor. Mas para comunicar isso bastava escrever um mail ou um twitter.
    Num cineasta que nos habituou a filmes mais reflexivos do que activos, este "Pequena Grande Vida" faz sentido como parábola ambiciosa mas deixa muito a desejar como filme. Insólito, conta com bons efeitos digitais e boas interpretações, aliás muito facilitadas pelo argumento e a realização e que são uma constante dos filmes do autor.
    A fotografia é de Phedon Papamichael, a música de Rolf Kent e a montagem de Kevin Tent. Quanto a Alexander Payne, também produtor com Mark Johnson e Jim Taylor, é um cineasta sério e capaz que certamente vai sair dos limites e lugares-comuns deste filme estimável mas menor apesar da sau ambição, longe em todo o caso de ser o melhor do ano, como escreveu o Hollywood Reporter. Mas que de facto contrasta pela positiva com a maioria do cinema americano, o que fala em seu favor.

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