No quinto centenário da morte de Leonardo Da Vinci, que passa em 2019, foi publicada em português a edição em língua inglesa dos seus "Pensamentos - Sobre a vida, a arte e a ciência" (Alma dos Livros, 2018), que dá parcialmente a dimensão literária do seu génio.
Contra a velocidade dos actuais tempos apressados, ele aí propões reflexões, máximas e provérbios sobre a vida que são sapientes e judiciosas em termos filosóficos apoiados, replicando a filosofia antiga, com a qual dialoga na idade moderna. Aí insiste em que o fundamento são a natureza e os cinco sentidos e que a grande mestra é a experiência, ao que retorna depois.
Muito curiosa a sua apreciação da diferenças entre as diversas artes ditas liberais, com um destaque para a pintura que antecipa a afirmação de que "uma imagem vale mais que mil palavras".
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Mas aqui a sua preferência pela visão pode ser produtivamente comparada com as "Notas sobre o Cinematógrafo", de Robert Bresson (Elementos Sudoeste/Porto Editora, 2000 para a edição portuguesa) para dar a medida da passagem do tempo e do desenvolvimento e modificação das artes.
Ele que tudo experimentou transmite em máximas a sua vida científica de uma maneira que permite compreender a totalidade do seu génio em todas as áreas, com um pensamento moderno que perdura e inclui a matemática.
Um dos maiores génios da humanidade, merece ser conhecido, compreendido e apreciado cinco séculos depois no contacto com as suas obras e o seu pensamento, para que em tempos ligeiros e levianos se possa compreender que as coisas não são tão simples e fáceis, antes muito mais vastas e complexas do que nos querem hoje em dia fazer crer.
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"Evita os preceitos daqueles pensadores cujo raciocínio não é confirmado pela experiência."
(O julgamento é propenso ao erro, pág. 24)
"A pintura inclui no seu espetro a superfície, a cor e a forma de qualquer coisa criada pela natureza; a filosofia penetra os mesmos corpos e toma nota da sua virtude essencial, mas não se satisfaz com essa verdade, como o pintor, que apreende a verdade primária de tais corpos porque o olho é menos propenso ao engano."
(Superioridade da pintura à filosofia, pág. 77)
"Silogismo: falar duvidosamente.
Sofismo: falar confusamente; falsidade pela verdade.
Teoria: conhecimento sem prática."
(Do dicionário de Leonardo, pág. 141)
Dele estão disponíveis em português diversas biografias sobre uma vida que vale muito a pena conhecer. Com ele o humanismo renascentista tomou consciência de si próprio em termos com os quais continuamos a aprender. De um génio total há que conhecer bem tudo, ou o mais possível, e esperar pelo que dele está ainda por descobrir.
(O julgamento é propenso ao erro, pág. 24)
"A pintura inclui no seu espetro a superfície, a cor e a forma de qualquer coisa criada pela natureza; a filosofia penetra os mesmos corpos e toma nota da sua virtude essencial, mas não se satisfaz com essa verdade, como o pintor, que apreende a verdade primária de tais corpos porque o olho é menos propenso ao engano."
(Superioridade da pintura à filosofia, pág. 77)
"Silogismo: falar duvidosamente.
Sofismo: falar confusamente; falsidade pela verdade.
Teoria: conhecimento sem prática."
(Do dicionário de Leonardo, pág. 141)
Dele estão disponíveis em português diversas biografias sobre uma vida que vale muito a pena conhecer. Com ele o humanismo renascentista tomou consciência de si próprio em termos com os quais continuamos a aprender. De um génio total há que conhecer bem tudo, ou o mais possível, e esperar pelo que dele está ainda por descobrir.
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