quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Far, far and away

   Desde o início da exploração espacial por humanos que mative, num caderno Amber de folhas amovíveis, o registo de cada viagem, do nome e fotografia de cada astronauta, das respectivas coordenadas temporias e técnicas, pelo menos tanto quanto elas eram então divulgadas em Portugal. Mas também comprava revistas americanas e francesas para ter mais pormenores e mais e melhores imagens. Tudo isso ainda guardo. Este, pois, o meu segundo vício secreto desde a juventude.
    Li nessa altura o que foi publicado entre nós sobre a actividade de Wernher von Braun durante a II Guerra Mundial, pelo comecei a considerar-me um leigo iniciado no assunto. Interessava-me sobretudo a proeza humana, o homem no espaço, o que continuou a motivar-me até depois do primeiro desembarque humano na Lua, que acompanhei em directo.
   Iniciado quando da competição americano-soviético, esse caderno acabou com a última viagem à Lua por absoluta falta de tempo - sempre tive, desde o início, muito, excessivo trabalho. Meteu-se depois pelo meio a astrofísica, sobretude com Stephen Hawking, que li e me levou a transferir o meu interesse para a questão mais larga do espaço e do tempo cósmico.
                       
        Claro que continuo a acompanhar pelos meios de comunicação a exploração humana do espaço, ainda bem próximo da Terra e agora centrada na prova da resistência humana, mas sem detalhes técnicos. O meu interesse está agora voltado sobretudo para as descobertas e os registos da astrofísica e para a cosmologia, o que, devo confessar, é acompanhado por um interesse pela paleo-antropologia.
           Não sei muito bem o que fazer de tudo isto, é o conhecimento por si mesmo que me chama e motiva para além, muito para além do imediatismo do quotidiano em que se insere, como nova fronteira da humanidade - o conhecimento independentemente do seu objecto, mas especialmente o conhecimento científico e filosófico, que está por trás do meu interesse pelas artes, pela literatura, pelo cinema, pela filosofia, esses meus "vícios conhecidos".
      E é bom deixar aqui registado que o que me interessa mais é o próprio conhecimento, pois outros se interessarão pela astronáutica e pela astrofísica por motivos diferentes. No cinema como na literatura a ficção-científica nem sequer é o meu género favorito - não é para mim de modo nenhum prioritário ver o novo "Blade Runner". Agora vontade de saber - de saber, note-se, não de poder - isso move-me todos os dias perante os objectos ou eventos mais comezinhos.
       Para além disso há a música no seu simples acontecer sonoro, acústico e temporal. Por isso agora estaciono habitualmente no Mezzo e no Arte concert, que aconselho, contra todas as catástrofes e trafulhices deste mundo e do outro. Na música como no conhecimento encontro a beleza que me interessa.

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