quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O melhor a cores

     Agora que para Novembro próximo a Cinemateca Portuguesa tem programado mais um ciclo dedicado à Série B, "Hollywood B", que vivamente vos aconselho, aconteceu-me na navegação pela internet encontrar finalmente um filme que em vão procurava há muito: "Massacre de Chicago"/"The St. Valentine's Day Massacre", de Roger Corman (1967).
     Queria rever este filme porque dele guardava uma recordação muito boa de quando estreou em Portugal. E é de facto excelente, jornalístico com a sua voice over narrativa que apresenta os protagonistas e introduz as situações. Seco e duro, brutal e elíptico, com a grande economia de meios que caracterizou a Série B.
    Não vi tudo, mas do que conheço de filmes de gangsters é o melhor a seguir ao "Scarface" de Howard Hawks (1932) - o melhor a cores -, à frente do que "grandes artistas", que então começavam nas produções de Corman, vieram a fazer a partir da década seguinte: Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian De Palma - mais tarde Quentin Tarantino, Michael Mann.
                      
         É o prazer do cinema de um grande cineasta, que criou nos anos 50 a American International Picture e a Allied Artists, em 1970 a New World Pictures, e por isso mais conhecido como produtor ou então pelos seus filmes que adaptavam contos de Edgar Allan Poe no início dos anos 60. Ele aparece no final de "O Estado das Coisa"/"Der Stand der Dinge", de Wim Wenders (1982), um filme parcialmente rodado em Portugal, na figura do produtor em Hollywood.
     Magnífico exercício de estilo sobre argumento de Howard Browne, num ritmo implacável em que no final as armas se ouvem muito mais do que se vêem, com Jason Robards como Al Capone e capazes actores secundários noutros papéis. Nem os melhores nomes da Série B aí chegaram. Nem o próprio Corman em "Machine-Gun Kelly" (1958) que, a preto e branco, embora mais fetichista é já muito bom, podendo mesmo formar com este "Massacre de Chicago" um belo díptico na sua obra.
     De há muito reconhecido internacionalmente, hoje com 91 anos e ainda em actividade como produtor, Roger Corman já teve uma retrospectiva completa em Portugal, de Junho a Setembro de 2007 na Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, com direito ao catálogo “O Anjo Selvagem de Hollywood”, com organização literária de Manuel Cintra Ferreira e coordenação de Luís Miguel Oliveira.

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