domingo, 4 de junho de 2017

O espaço público

     No seu programa "court-circuit", o Arte transmitiu ontem à noite quatro curtas-metragens sobre o espaço público com especial relevo para a arquitectura. Trata-se de filmes de excelente qualidade, os dois primeiros com grande performatividade, o terceiro com exposição ao dia e à noite, o último, "Peripheria", uma extraordinária animação.
    "Aujourd'hui je ne suis pas là" do argentino Gustavo Taretto (2007), sobre as "zonas de sombra", "Every-One" do austríaco Willi Dorner (2015), com coreografia em zona urbana explorando formas, volumes e movimento, "Quantum" do colectivo italiano Flatform, que joga com o dia e da noite, as luzes e os sons sobre uma maqueta de uma vila italiana com palavras apenas escritas, e "Peripheria" do francês David Coquard-Dassault (2015), explorando os grandes edifícios em espaços desertos. A propósito do Festival de curtas-metragens de Ratisbonne, na Alemanha.
                         1777-peripheria_1_light
    Quando se dedica sobretudo à imagem sem grandes preocupações narrativas, a curta-metragem pode, como nestes casos acontece, apresentar carácter experimental e desse modo ir até aos limites da sua expressividade visual e sonora.
    A questão do espaço público e da sua privatização é muito actual e está muito bem explorada em termos artísticos nestas quatro curtas, com especial relevo para a arquitectura, em espaço real nas duas primeiras, superiormente recriada nas outras duas. E a inscrição do humano ocupa particular importância nas duas primeiras e na última, com integral respeito das proporções e das distâncias aproveitando a perspectiva.
   É com programas como este, com excelente apresentação e enquadramento, que o Arte continua a ser o melhor e o mais diversificado dos canais televisivos. 

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