Poeta maior da língua portuguesa, Armando Silva Carvalho (1938-2017) foi autor de uma obra longa e de excepcional qualidade, em especial na poesia. Não convencional e inesperada, a sua palavra erótica, amarga, satírica atingiu centros fundamentais da experiência humana em expressão poética notável.
Tendo começado na poesia nos anos 60, foi um poeta de referência na literatura portuguesa contemporânea e marcou o seu espaço literário próprio ao constituir-se como fonte de inspiração para muitos outros.
Tendo começado na poesia nos anos 60, foi um poeta de referência na literatura portuguesa contemporânea e marcou o seu espaço literário próprio ao constituir-se como fonte de inspiração para muitos outros.

Um poema do seu último livro na despedida:
"Num poema curto a corrente do sangue corria
como um atleta levando no dorsal
a filosofia pública da hora,
e a luz nua e directa incidia sobre o corpo,
real, absoluta.
Hoje o poema teima sempre em ser maior,
e a história, o tempo, a memória e o verso porque é velho,
ocultam-lhe a idade nas curvas irreconhecíveis
dum vulto.
É sempre cada vez mais longa a maratona,
e as insistentes palavras
parecem desistir enquanto avançam."
("Poema que foi curto", in "A sombra do mar", página 74)
Sem comentários:
Enviar um comentário