sexta-feira, 28 de julho de 2017

Começar de novo

   "Ubi Sunt" (2016) e "Coup de Grace" (2017) são as duas curtas-metragens em que Salomé Lamas, depois de ter trabalhado no documentário, ensaia os seus primeiros passos na narrativa ficcional
   O primeiro filme centra-se na performance e consegue envolver-se em discussões largas com presos sobre os seus crimes e penas que, como deve ser, aparentemente nada de substancial adiantam. Tem a participação do performer Christoph Both-Asmus e dos actores Ana Moreira e Valdemar Santos, além de jovens do Centro Educativo Santo António e do Grupo de caretos de Lazarim.
   "Ubi Sunt", que curiosamente é também o título de um livro de 2014 do poeta Manuel de Freitas, explora o Porto e as suas potencialidades antropológicas e expressivas. Este é o primeiro de um conjunto anunciado de três filmes.   
                                   
     Já "Coup de Grace", mais aberto narrativa e sobretudo visualmente, resolve-se em distâncias diversas que originam o contraste a partir do plano inicial de grande conjunto que miniaturiza homens como formigas e camionetas como brinquedos. Entre pai e filha, Miguel Borges e Clara Jost, ela regressada inesperadamente para surpresa dele, as coisas pouco avançam narrativamente mas, com a conclusão longa e festiva, fica o esboço e a intenção.
     Com uma sensibilidade artística a linhas e cores e um belo tratamento da escala dos planos e da profundidade, como o anterior, mais do que ele este é um filme de surpresas visuais e sonoras.
    Sempre em plano fixo, Salomé Lamas continua a descrever o seu percurso pessoal que é cinematográfico e artístico. Nos dois casos Isabel Pettermann está com a realizadora no argumento e em ambos a expressão sonora, nomeadamente musical, é importante sem prejuízo das palavras, dos ruídos e do silêncio.

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