sábado, 29 de julho de 2017

Entrelaçamento

   "Capital Humano"/Il capitale umano" é um filme de 2013 do italiano Paolo Virzì que só agora pude ver no Arte sob o título francês "Les opportunistes". Baseado no romance do americano Stephen Amidon, conta com argumento de Francesco Piccolo, Francesco Bruni e do próprio realizador.
   O que aqui me interessa é o entrelaçamento da narrativa nas suas três partes a partir de três personagens distintas: Dino Ossola/Fabrizio Bentivoglio, um pequeno especulador/investidor, Carla Bernaschi/Valeria Bruni Tedeschi, casada com o patrão do imobiliário, Massimiliano/Guglielmo Pinelli, e Serena Ossola/Matilde Gioli, filha do primeiro.
   Houve um acidente de automóvel em que foi atropelado um ciclista, que é central na economia narrativa, e cada uma daquelas três personagens vê a vida e também essa questão de maneira diferente, dependente das relações que tem estabelecidas e dos contactos que estabelece. Mas o filme faz aparecer em cada segmento narrativo elementos visuais de outros de diferentes perspectivas, e isso está bem visto e é bem tratado.
                      Créditos: Divulgação Legenda: Cena do filme CAPITAL HUMANO ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** ORG XMIT: AGEN1511101031193682 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
   Com alusões pertinentes ao teatro e ao cinema vistos por Carla na sua ignorância com as melhores intenções, o filme mantém o seu interesse de princípio a fim, com uma conclusão bem congeminada que junta Serena  e o seu improvável namorado, Luca Ambrosini/Giovanni Anzaldo, com este na prisão porque afinal era ele quem conduzia no momento do acidente.
   A montagem tensa e rápida de Cecilia Zanuso deixa sempre tudo muito claro e permite que a construção fragmentária, em mosaico, imponha o filme como uma obra curiosa, com alcance sociológico e político na sua estrutura policiária, bem imaginada, bem realizada e bem interpretada. A música é de Carlo Virzì e a fotografia de Jérôme Alméras e Simon Beaufils. 
   Às vezes há surpresas no cinema, como este filme, que arrisca acertadamente num terreno já explorado (Robert Altman, Paul Thomas Anderson) e milita em favor de uma cinematografia, a italiana, que se calhar até já saiu da crise em que se disse esteve mergulhada. E Paolo Virzì, de quem não conheço mais nada, é um nome a reter.

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