sábado, 27 de maio de 2017

Amar e sofrer

    A nova temporada da série "Twin Peaks" de David Lynch, com 18 episódios (2017), é um acontecimento maior no panorama televisivo do ano corrente. Porque se trata de uma série de culto e grande sucesso e por ser de novo realizada por David Lynch, que se encarregara dela nas suas duas anteriores temporadas, em 1990/1991.
    Este é um nome cuja importância como cineasta parece aumentar com o decorrer do tempo sem novos filmes realizados depois de "Inland Empire" (2006) salvo curtas e vídeos. Mas a série teve no seu início também um filme, "Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer"/"Twin Peaks: Fire Walk with Me" (1992), que teve uma edição especial, "Twin Peaks: The Missing Pieces" (2014), que não dei por que nos tenha chegado.
  Como no cinema, onde se estreou na longa-metragem com "No Céu Tudo É Perfeito"/"Eraserhead" (1977) e para o qual fez "Mulholland Drive" (2001), a sua obra-prima, também na televisão Lynch constrói o seu trabalho em filme como um mistério que se trata de tentar desvendar e cuja investigação revela uma verdade desconhecida sobre as personagens e o seu meio. Só que em "Twin Peaks" é toda uma comunidade perdida no Noroeste dos Estados Unidos que se revela e, ao fazê-lo, revela uma parte da verdade de um país e de um tempo.
                    
    Criada por David Lynch e Mark Frost e com argumento de ambos, a série que agora regressa - amanhã, Domingo, 28 de Maio, às 22H 00M no TVSéries - vai mergulhar-nos de novo no mistério criado especialmente para ela, a partir da imaginação dos seus criadores e do talento dos seus actores e técnicos. Agora para uma audiência globalizada, excede muito do que de melhor se faz todos os anos para o cinema e rivaliza com qualquer outra das melhores séries televisivas como a melhor de sempre
    O trabalho em cenários naturais (e o proveito deles retirado) bem como o audácia da composição sonora aumentam a qualidade e também a influência deste pedaço de televisão absolutamente imperdível, encantatório e fantástico, ao trazer-nos um outro mundo, superiormente tratado, como parte do nosso, uma outra vida como semelhante à nossa.
    Para amar e sofrer, uma série mítica de um realizador mítico que se conta entre os nomes mais destacados do cinema contemporâneo.

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