domingo, 6 de agosto de 2017

Durante a retirada

    Inglês de nascimento, Christopher Nolan é hoje em dia um dos cineastas em maior evidência, e nessa medida dos melhores a nível mundial pelo que não se devem ignorar os seus filmes, o último dos quais, "Dunkirk" (2017), estreou agora entre nós.
   Trata de um episódio menos falado e menos conhecido do início da II Guerra Mundial, quando, na sequência da invasão de França pela Alemanha nazi, ingleses, franceses e outros europeus se viram obrigados a abandonar o território francês, precisamente em Dunquerque, fugindo para Inglaterra numa operação comandada a partir desta.
   O filme está bem construído reunindo terra, mar e ar. O segundo para a travessia marítima até Inglaterra, o terceiro onde a RAF enfrenta já a poderosa aviação alemã, com a terra de um lado e do outro do Canal da Mancha.  
                    
    Ao acompanhar algumas personagens, de terra, do mar e do ar, o filme de Christopher Nolan dá-nos elementos narrativos a que nos agarrarmos no turbilhão do embarque, numa pequena embarcação que vem de Inglaterra propositadamente, em aviadores.
    Mas a própria construção temporal do filme está bem talhada, em três temporalidades e linhas narrativas diferentes e com saltos de umas personagens para outras que acompanham o movimento contrário, sob os combates aéreos, dos barcos que tentam transportar os fugitivos e do pequeno barco que vem de Inglaterra. O momento mais alto porque inesperado é o salvamento de um piloto de dentro do avião que se afunda, num movimento bem resolvido que cruza linhas narrativas diferentes.
   Com uma montagem precisa, curta, rápida de Lee Smith, que imprime ritmo, "Dunkirk" de Christopher Nolan é sempre claro, realizado e produzido por si a partir de argumento seu, com boas interpretações com destaque para Mark Rylance como Mr. Dawson, o comandante do pequeno barco, boa fotografia de Hoyte Van Hoytema, música de Hans Zimmer demasiado omnipresente e bons efeitos especiais com Matthew G. Armstrong à cabeça, pelo que ocupa um lugar compreensível na obra do cineasta de "Memento" (2000), "Batman - O Início"/"Batman Begins" (2005), "O Cavaleiro das Trevas"/"The Dark Knight" (2008) e "O Cavaleiro das Trevas Renasce"/"The Dark Knight Rises" (2012), de "A Origem /"Inception" 2010) e "Interstellar" (2014).
    É tudo demasiado rápido mas a intensidade dramática mantém-se do princípio ao fim com uma planificação que sabe manter a distância certa num filme de grande precisão, em que tudo é milimetricamente calculado e "em muito grande" (feito para IMAX), ao jeito do cineasta pelo menos desde os seus Batman films. Repito: Nolan é um dos cineastas em maior evidência, e nessa medida dos melhores da actualidade, a quem não se pode pedir mais ou diferente do que ele está disposto a dar.

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