segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Uma exposição original

    "Escultura em Filme. The Very Impress of the Object" é uma exposição de filmes sobre escultura, o que é um território pouco explorado pelo cinema e mesmo pela televisão, que normalmente optam na área artística pela pintura, mais vistosa e colorida.
    São interessantes as questões levantadas pelos poucos filmes que ocupam a Galeria de Exposições Temporárias da Gulbenkian, de que a da impressão do filme como vestígio é apenas o ponto de partida. De facto, a escultura, tal como a figura humana, levanta questões de tridimensionalidade passada a uma superfície bidimensional.  
    Uma dessas questões é a de captar devidamente o movimento do que é imóvel, a peça escultórica. Outra é a de captar o meio em que as esculturas, em relação umas com as outras, estão. E também a decomposição das suas partes, nomeadamente no corpo humano, e sobretudo o trabalho do tempo sobre cada uma delas.
                     http://revistacinetica.com.br/home/wp-content/uploads/2015/03/viaggio-in-italia-1.jpg              
     Mesmo contra a arquitectura, que levanta a questão suplementar de entrar no seu interior, a escultura pode apresentar-se como um belo caso de estudo no cinema, tanto quanto sei pouco aproveitado. Num dos filmes desta exposição, pertencente ao Museu do Louvre, "Nude" de Mark Lewis, há mesmo o movimento circular de câmara tendente a captar a figura escultórica de todos os ângulos na continuidade do mesmo plano.
      Mas os outros filmes apresentam também especial interesse ou por jogarem com a questão do relevo ou por explorarem diferentes ecrãs ou a própria figura humana, ou por tratarem de vestígios escultóricos muito antigos..Não me parece que esta seja uma exposição a ignorar, com filmes a preto e branco e a cores, em vídeo, HD e película - que estranho voltar a ouvir ali o som contínuo dos projectores de cinema presentes. Agora trata-se de documentários curtos e de filmes de artistas visuais sobre arte, o que deve se sublinhado.
     Na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até 2 de Outubro próximo. Com os jardins recortados nas janelas entre os filmes.

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