sábado, 16 de fevereiro de 2019

3 super-heróis

  "Glass", de M. Night Shyamalan (2018), representa o regresso do cineasta depois de "A Visita"/"The Visit" (2015) e "Fragmentado"/"Split" (2016) agora com um orçamento maior, o que se nota na qualidade do filme.
    Com argumento do próprio Shyamalan, tem personagens conhecidas dos seus filmes anteriores, David Dunn/Bruce Willis e Elijah Price/Samuel L. Jackson provenientes de "O Protegido"/"Unbreakable" (2000), Kevin Wendell Crumb e os seus duplos/James McAvoy, proveniente do filme anterior, "Fragmentado". Todos são internados num hospital psiquiátrico por se julgarem super-heróis, os últimos também por crimes cometidos. E cada um deles tem o seu duplo, a mãe de Elijah, o filho de David e a vítima de Kevin.
    No hospital têm de lidar com a psiquiatra, Drª. Ellie Staple/Sarah Paulson, mas também uns com os outros. Os dois primeiros, David e Elijah, são sucessivamente operados ao cérebro e Elijah foge com o auxílio de Kevin com planos extravagantes. Mas o centro das atenções são de facto estes últimos, que em si mesmos concentram as forças do mal.
                      
     Mas há que chamar a atenção para o raciocínio de David baseado na cor, para os feixes de luz sobre Kevin, para a importância da banda desenhada americana e da sua história, para os flashes do passado de cada um dos três - o que permite mostrar excertos inéditos de "O Protegido" - mas também da própria psiquiatra sobre o presente.
    Como observa justamente Jean-Philippe Tissé nos Cahiers du Cinéma deste mês num artigo notável, "La dispute", Elijah, o que não entra no jogo de realidade de Ellie Staple, representa um princípio de imaginação, enquanto os outros dois morrem porque são vencidos pelo princípio da realidade.   
     Não sei se o final é o melhor mas é o que existe e justifica-se. O plano final, esse, é de facto magnífico. Mas o que me surpreendeu mais foi a excelente realização de M. Night Shyamalan, de regresso aos seus melhores tempos, com um tratamento notável do campo-contracampo e do sistema de vigilância vídeo instalado no hospital.
    "Glass" deve ser visto como mais um episódio de diversas narrativas, ao jeito da série B e do filme de terror, o que é bom porque é bem aproveitado. Tem fotografia de Mike Gioulakis, música de Blu Murray e Luke France Ciarrocchi e montagem de West Dylan Thordson. (Sobre Shyamalan ver "A horda", de 22 de Outubro de 2017.)

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