quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Exasperação

   "Avisem os Espartanos"/"Go Tell the Spartans" de Ted Post (1978), realizador americano que desde os anos 50 trabalhou sobretudo para televisão mas fez alguns bons filmes para cinema, como "À Sombra da Forca"/"Hang 'Em High" (1968) e "Harry, Detective em Acção"/"Magnum Force" (1973), ambos como Clint Eastwood, é um dos primeiros filmes sobre a Guerra do Vietnam, do mesmo ano de "O Caçador"/"The Deer Hunter" de Michael Cimino e do ano anterior a "Apocalypse Now" de Francis Ford Coppola.
   Foi agora retirado do esquecimento em que caíra juntamente com o cineasta, produto de uma série B tardia, pelo Arte, que o mostrou esta semana e revela-se um filme com força contida e bem feito. Decorre em 1963, quando chegam ao Vietnam os "conselheiros técnicos" americanos e se dão as primeiras escaramuças, ainda com a memória recente do desastre francês na Indochina na década anterior.
                       Go Tell the Spartans
    Um major que coxeia, Asa Barker/Burt Lancaster, tem de conduzir o seu grupo de homens inexperientes e um guia local a um posto avançado estratégico por entre ardis e armadilhas. Para cumprir a sua missão, o major precisa de apoio aéreo, que obtém, para pouco depois lhe ser ordenada a retirada. Aqueles que ficam, entre os quais Asa Barker, são todos dizimados excepto um deles, que irá dizer aos espartanos que aqueles homens resistiram até ao fim, como reza a placa deixada pelos franceses.
   Feito com economia de meios em estilo clássico, este um filme bastante bom que recorda os inícios da presença americana, quando não se sonhava ainda com o desfecho de uma Guerra que se haveria de tornar fatal para as forças americanas
  Tem argumento de Wendell Mayes, baseado em novela de Daniel Ford, fotografia de Harry Stradling Jr., música de Dick Halligan e montagem de Millie Moore. Com as suas limitações, é um bom filme sobre um assunto que o cinema americano tratou sobretudo depois do fim da guerra. Nele exemplarmente a coragem transmuta-se em exasperação final.
   Deste modo, o Arte continua a cumprir com eficiência o papel de uma boa cinemateca europeia.

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