domingo, 10 de fevereiro de 2019

Certidão de nascimento

   "Cafarnaum"/"Kapharnaüm" é a terceira longa-metragem da libanesa Nadine Labaki (2018), que se tinha estreado no cinema com "Caramel"/"Sukkar banat" (2007). Sem deixar de se ocupar das mulheres, centra-se especialmente num miúdo com idade provável de 12 anos, Zain/Zain Al Rafeea.
   Antes da introdução da cena base do filme, no tribunal, o filme apresenta um grupo de refugiadas, entre as quais uma etíope, Rahil/Yordanos Shiferaw. No tribunal, depois de lhe serem retiradas as algemas ele diz querer processar os pais por o terem feito nascer. A partir daí contam-se as razões desta atitude.
   Os pais dele, Souad/Kawsar Al Haddad e Selin/Fadi Youssef, deram em casamento ao filho de um homem rico a irmã de Zain, Sahar/Haita 'Cedda' Izzam, que tem onze anos e era a companhia dele. A família pobre, que vive em condições muito precárias, lucra com o negócio. 
                      Capharnaüm: Tackling child abuse in Lebanon through film
      Numa segunda parte acompanhamos o protagonista que deambula sozinho por ruas e ruelas pobres enquanto tenta fazer pela vida e que encontra num autocarro o homem-barata. Numa terceira parte ele toma conta da criança de Rahil enquanto ela trabalha e até ela não voltar.
      Na última parte ele sabe da morte da irmã e vende a criança. Com o dinheiro recebido prepara-se para sair do país.
      Dada em sumário a narrativa do filme é esta, com muita barafunda, conflitos e tareias que Zain leva da mãe. No presente, em tribunal cada um procura apresentar as suas  razões. O final feliz, com a nova gravidez de Souad, o reencontro de mãe e filho etíopes e a fotografia de Zain para a certidão de nascimento, é uma imposição de melodrama que não impede a catarse num belo e intransigente filme dramático.
     Este um novo trabalho muito bom de Nadine Labaki, também argumentista, com fotografia de Christopher Aoun, música de Khaled Mouzanar e montagem de Konstantin Bock. Não vejo nenhuma razão paara que quem gosta de "Ladrões de Bicicletas"/"Ladri di biciclette", de Vittorio de Sica (1948) não goste deste filme.

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